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"Henry James, romancista americano nascido em Nova Iorque, a 15 de Abril de 1843, naturalizou-se cidadão inglês em 1915. Criador de uma vasta obra (escreveu 20 romances, 112 contos, 12 peças de teatro e alguns artigos de crítica literária), Henry James é uma das grandes figuras literárias de língua inglesa.
Beneficiou de uma educação esmerada, pois o seu pai era um dos mais conhecidos intelectuais americanos. Durante a juventude, Henry James realizou viagens frequentes à Europa, vindo mais tarde a viver em Paris, onde foi correspondente do New York Tribune, e em Inglaterra, país onde viria a morrer em 1916.
Autor de obras-primas como Daisy Miller (1879), Portrait of a Lady (1881), The Bostonians (1886) e The Embassadors (1903), Henry James foi postumamente laureado com graus pelas Universidades de Oxford e Harvard, eleito para o National Institute of Arts and Letters e, em 1950, para a American Academy of Arts and Letters,
tendo recebido também a Ordem de Mérito pelo Rei George V.
A novela The turn of the screw de Henry James foi objecto de intensa actividade de crítica literária.
Ao longo de cerca de um século, dois grandes grupos interpretativos tornaram-se referência obrigatória sobre o assunto. O primeiro deles é composto, grosso modo, de resenhas, artigos e livros que inserem a novela na linha da narrativa fantástica; já o segundo grupo interpretativo pode ser nomeado de "psicologizante", ao sugerir que The turn of the screw não é uma história de fantasmas, mas o estudo em ficção de um caso de doença psíquica. Nessa linha de debates, o autor procura introduzir uma terceira via interpretativa que se fundamenta nalguns aspectos técnicos da obra teórica de William James, irmão de Henry.
A novela The turn of the screw, de Henry James, suscitou interpretações várias desde sua aparição em 1898. Como se pode esperar de toda obra suficientemente rica, algo nela – talvez o estilo refinado de James ou as tonalidades de colorido afectivo emprestadas aos personagens; talvez a complexidade dos climas instaurados ou apenas o teor do tema explorado – permite que cada um a leia de um modo diverso. Logo nas primeiras linhas, o escritor leva o leitor a paragens misteriosas.
No prólogo, estabelece-se a moldura da história: um homem, após as mortes do seu irmão e cunhada na Índia, passa a tutor do casal de sobrinhos. Sem a menor aptidão para os atributos práticos e afectivos de uma paternidade acidental, o tio instala as crianças em uma casa de campo em Bly, deixando-as aos cuidados directos de uma jovem preceptora, que, em dado momento, morre em circunstâncias misteriosas. Diante deste facto fúnebre, o tio contrata uma nova preceptora, também jovem e bonita como a anterior, para a educação e orientação das crianças.
O isolamento em Bly, intensificado pela "condição principal" imposta pelo tio, que era a de não ser nunca incomodado, é fundamental para a criação da atmosfera nubelosa em que a história se desenvolve, na verdade um relato em tom de diário escrito pela nova preceptora. Nesse relato, há, predominantemente, a presença das crianças, de uma empregada da casa e, é claro, da própria autora do manuscrito, sendo os outros personagens figuras muito apagadas, quase ausências. Mas, pouco a pouco, como a bruma, uma inquietude, intensificada e matizada ao longo da novela, insinua-se pelas páginas do diário, anunciando os primeiros sinais da presença de outros personagens mais sinistros.
Da sugestão de um sobrenatural mais diáfano, a história toma, a partir de certo ponto, um sentido fantasmagórico franco, como o comprova a sucessão de aparições sobrenaturais à preceptora e, possivelmente, às crianças também.
É difícil escolher trechos, que mostrem a ambiência de mistério, morbidez e terror sugerida aos leitores de The turn of the screw. O melhor é mesmo ler o livro e deixar-se transportar para esta envolvência fascinante.
Alguns jornais da época em que a novela foi lançada, manifestaram opiniões extremas, talvez como uma primeira reacção à violência que o texto produziu nos leitores. E mesmo H. James teria provado de seu próprio veneno, ao experimentar "parte do terror que ele estava tentando evocar".
O misto de fascínio e estranheza que as histórias de fantasmas costumam provocar parece ganhar sua expressão plena na escrita envolvente de James.
Como destacou um dos comentadores da obra do escritor, "em geral os fantasmas de James não são gratuitos como tendem a ser no conto usual de terror. Como aqueles de Shakespeare, eles aparecem apenas para pessoas a quem a angústia tenha primeiro qualificado para a experiência".
Seguindo essa directriz, alguns críticos privilegiaram a busca de um sentido psicológico para as vivências incomuns experimentadas pela nova preceptora. Basearam-se, talvez de modo excessivamente esquemático, na convicção de que haveria algum tipo de conflito interno na base das angústias e, nesse caso, das pseudo-alucinações ou alucinações visuais experimentadas pela protagonista.
O que James adicionou ao conto fantástico foi, na realidade, uma série de profundos estudos acerca das modalidades da angústia humana – da capacidade que os homens têm de se temerem a si próprios, com fantasmas de sua própria invenção.
Para além deste fantástico conto H. James e dos romances, relatos curtos e obras de teatro, o autor deixou inúmeros ensaios sobre viagens, críticas literárias, cartas, e três obras autobiográficas.
Os últimos anos da sua vida transcorreram em absoluto isolamento na sua casa, que só deixou em 1904 para regressar brevemente aos Estados Unidos depois de 20 anos de ausência.
Em 1915, com a Primeira Guerra Mundial, James adoptou a cidadania britânica. Morreu aos 72 anos, pouco depois de receber a Ordem do Mérito britânica."
The Turn of the Screw já foi adaptado várias vezes ao cinema e em séries televisivas da BBC.
(Tradução livre de artigo in Mirror.co.uk).
Há uma obra de Henry James "The Portrait of a Lady" que irei por certo abordar aqui mas por agora deixo-vos com este fantástico:
The Turn of the Screw! Boas Leituras, até breve Tágide.
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