Walt Whitman (1819 - 1892)

Walt Whitman (1819 - 1892)
(...) What do you see, Walt Whitman? Who are they you salute, and that one after another salute you? (...)

30 de maio de 2010

John Fowles - "A Amante do Tenente Françês"



Hoje escolhi escrever aqui sobre John Fowles e uma das suas obras - "A Amante do Tenente Francês" cujo titulo original em inglês é "The French Lieutenant's Woman".

O escritor inglês John Fowles, que em 1969 publicou A Amante do Tenente Francês, considerado um dos primeiros romances "pós-modernos", que em 1981 foi levado ao cinema por Karel Reisz, morreu em 2005, na sua casa de Lyme Regis (Inglaterra). Tinha 79 anos e estava doente há algum tempo.
Desde a década de 80 que Fowles tinha problemas de coração, na sequência de um enfarte que então sofreu.
Nascido em Leigh-on-Sea, no Essex, Fowles estudou num colégio interno e cumpriu o serviço militar entre 1945 e 47, tendo-se depois formado em Literatura Francesa, em Oxford, e ensinado inglês em Londres, na Grécia e em França.

A sua paixão pelas letras e pela cultura francesa torná-lo-ia num autor muito apreciado do outro lado do canal da Mancha, e também nos Estados Unidos o escritor seria mais popular do que na sua nativa Grã-Bretanha.
Escreveria mais tarde que sempre tinha querido escapar ao meio em que nasceu, já que ninguém na sua família tinha interesses literários ou propensão para as artes, e que se recordava de, quando jovem, ouvir os pais referirem-se a Picasso como "o tipo que não sabe desenhar. A boçalidade deles horrorizava-me".

John Fowles começou a escrever aos 20 anos e publicou O Coleccionador em 1963 (editado em Portugal pela Caminho), a história de um coleccionador de borboletas que decide juntar uma mulher à sua colecção. O livro foi um enorme sucesso de crítica e leitores, sendo adaptado ao cinema por William Wyler, com Terence Stamp, e deu a Fowles a independência financeira para se poder dedicar à escrita a tempo inteiro.

Após The Magus, em 1966, Fowles escreveu A Amante do Tenente Francês em 1969 (Presença).

Este transformou-se no seu livro mais célebre, uma combinação de pastiche de romance vitoriano e de romance experimental contemporâneo, onde o autor é narrador omnisciente e até personagem.
A adaptação da obra ao cinema por Harold Pinter, em 1981, com realização de Karel Reisz e interpretações de Jeremy Irons e Meryl Streep, contribuiu ainda mais para a sua popularidade, e para a fama do escritor. Sobretudo entre aqueles que nunca tinham lido um livro de John Fowles e nunca haveriam de ler outro.

Fowles assinou ainda obras como The Ebony Tower (1974), Daniel Martin (1977) ou A Maggot (1985), bem como alguns títulos de não ficção, ou ainda Wormholes (1998), que inclui apontamentos de diário e ensaios, entre outros.


Vivia em Lyme Regis, numa casa com vista para o canal da Mancha, e era extremamente reservado, queixando-se de ser "perseguido" pelos leitores, nomeadamente os fanáticos de A Mulher do Tenente Francês, tornado livro de culto e estudado em França e nos EUA a nível universitário.


 "Tenho reputação de ser um homem de letras intratável, e não a tento desmentir. Mas não é verdade, em parte sou eu que a espalho", disse John Fowles em 2003, numa entrevista ao Guardian.

Na Inglaterra, este romance de 1969 possui status de clássico. Quando foi passado para o cinema, recebeu roteiro do respeitadíssimo dramaturgo Harold Pinter (1930-2008), Nobel de Literatura de 2005, e que tem dentre suas maiores influências Samuel Beckett e Frank Kafka. Já John Fowles (1926-2005), o autor do romance, escreveu poucos livros mas tem obra consistente e é até popular.


A história do romance "A Amante do Tenente Francês" é contada a partir dum curioso foco narrativo:
o autor, longínquo, examina os actos dos seus personagens vitorianos a partir do instrumental em uso nos anos 60, quando o livro foi escrito. Tal instrumental é basicamente freudiano.
Ao estilo de Machado de Assis, o autor às vezes conversa connosco, realizando uma bem-humorada interface entre a acção e o leitor. Costuma também brincar com o facto de estar “a perder o controle” sobre os personagens e, lá pela página 100, explica que está a alterar o plano inicial do romance por causa dos personagens, que decidiram outra coisa. Para completar, dá ao leitor a hipótese de escolher entre três finais distintos. É um delicioso investimento ler estas 484 páginas.





Adapatação ao cinema e protagonizado por dois excelentes actores, Meryl Streep e Jeremy Irons.

Cover of "The French Lieutenant's Woman"










Cover of "The French Lieutenant's Woman"


Para quem como eu adora a língua Inglesa e nunca experimentou antes ouvir um "audiobook" acho que é uma experiência inesquecível ouvir a voz de Jeremy Irons a narrar este romance. Até breve Tágide.



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29 de maio de 2010

Henry James desta vez com "The portrait of a Lady"



Retrato de uma Senhora (em inglês: The Portrait of a Lady) é um livro de Henry James, publicado em 1881.

A personagem principal de Retrato de uma Senhora, Isabel Archer, quer viver a vida!
A jovem Isabel depois da morte da irmã e da mãe é obrigada a abandonar os Estados Unidos para viver em Inglaterra, mais especificamente numa grande propriedade no interior, com a sua tia,  Mrs. Touchett.
Na propriedade vivem também, Mr. Touchett, o seu filho Ralph, que por conta de uma saúde frágil, passa os dias a receber amigos em visitas amenas.
Um desses amigos é Lord Warburton, um vizinho tão abastado quanto ele, que gasta sua existência em bailes e recepções nos salões de Londres e outros grandes centros europeus.

Logo ao chegar Isabel com sua personalidade cativante encanta a todos e acaba provocando sentimentos amorosos no seu primo Ralph e também no seu amigo Lorde Warburton.
Mas a despeito da corte que lhe fazem, Isabel não tem intenção de se envolver com ninguém.
Os seus planos dizem respeito a viagens pelo mundo, a conhecer pessoas e terras distantes.
Sem laços que a prendam a uma vida doméstica e comum como tanto buscam a maioria das jovens da sua idade.
Isabel recebe a visita de sua amiga Henrietta Stackpole, uma jovem e idealista aspirante a jornalista que desdenha e despreza as afectações e luxos da burguesia e vai contra tudo que inferiorize as mulheres ou as reduza a simples objectos dos senhores da corte.
A última coisa que ela gostaria seria ver a sua amiga casada com um desses “lordes” sem cultura que apenas prezavam o dinheiro e suas amplas propriedades.

Mas com a morte de Mr. Touchett, Isabel, através da intervenção de Ralph, acaba por herdar uma boa fortuna do seu tio.
Assim, passa a ser alvo da cobiça de aproveitadores como a Sra. Serena Merle que se faz passar por sua amiga apenas para influenciá-la a casar-se com um ex-amante seu, Gilbert Osmond.
Um homem rigoroso e sem muitos escrúpulos que vive de conquistas e mantém uma filha pequena num colégio de freiras.
Isabel acaba cedendo às artimanhas e á sedução de Osmond, casando-se, e assim, aos poucos mudando toda a sua forma de encarar a vida.
Renunciando a seus desejos e planos antigos para se tornar o exacto oposto do que sempre quis ser.

O rejeitado Lord Warburton, retira-se de cena mas não consegue livrar-se do amor que sente por Isabel. Muitos anos depois, ele tentará desposar a filha de sua antiga paixão.
Mas, na verdade seu objectivo é ainda tentar convencer Isabel do erro cometido há muitos anos quando desposou Osmond sem saber que havia caído numa armadilha engendrada por sua falsa amiga Serena Merle.

Henry James não tinha o cinismo de um Balzac (1799-1850), nem denunciava a hipocrisia da sociedade como um Flaubert (1821-1880) mas foi influenciado pelas obras do primeiro que decidiu tornar-se escritor. Mas se em Balzac é o dinheiro o que move as decisões de seus personagens e se em Flaubert eles são escravos de suas emoções e desejos, os de James – especificamente estes de “Portrait ...” – são acima de tudo, conformistas.Todos muito confortáveis em suas posições e sem esperar muito da vida, sem grandes aspirações.
E se algum deles as têm – como é o caso da jovem Archer – o tempo e as circunstâncias se encarregarão de dissipá-las, até que se tornem meras e vagas lembranças de um passado distante.
Tradução livre de http://pt.wikipedia.org/

Adaptação ao cinema:
Cover of "The Portrait of a Lady"
Após o falecimento de Touchett (John Gielgud), a norte-americana Isabel Archer (Nicole Kidman) herda 70 mil libras.
O primo dela, Ralph Touchett (Martin Donovan), que é muito inteligente mas doente, torna-se íntimo dela. Isabel faz uma amizade pouco clara com a ambiciosa e soberba Madame Serena Merle (Barbara Hershey), que leva-a a conhecer Gilbert Osmond (John Malkovich), um coleccionador de objectos de arte que a tenta seduzir. Isabel casa-se com Gilbert e mais tarde descobre que ela é só mais uma mulher na diversa e longa colecção de Osmond.

Isabel descobre que Osmond e Merle são amantes e que eles elaboraram um plano para ficar com a fortuna dela. Isabel só está bem com a filha de Osmond, Pansy (Valentina Cervi), mas até mesmo aquela amizade é afectada quando Merle revela os verdadeiros pais da criança.




Elenco:

Nicole Kidman… Isabel Archer
John Malkovich… Gilbert Osmond
Barbara Hershey… Madame Serena Merle
Mary-Louise Parker… Henrietta Stackpole
Martin Donovan… Ralph Touchett
Shelley Winters… Mrs. Touchett
Richard E. Grant… Lord Warburton
Shelley Duvall… Countess Gemini
Christian Bale… Edward Rosier
Viggo Mortensen… Caspar Goodwood
Valentina Cervi… Pansy Osmond
John Gielgud… Mr. Touchett
Roger Ashton-Griffiths… Bob Bantling




Ficha técnica:


Título Original: The Portrait of a Lady
Género: Drama
Tempo de Duração: 144 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Inglaterra): 1996
Estúdio: Propaganda Films / PolyGram Filmed Entertainment
Distribuição: PolyGram Filme Entertainment / Gramercy Pictures
Realizador: Jane Campion
Argumento: Laura Jones, baseado no livro de Henry James
Produção: Steve Golin, Monty Montgomery e Mark Turnbull
Música: Wojciech Kilar
Fotografia: Stuart Dryburgh
Desenho de Produção: Janet Patterson
Direcção de Arte: Mark Raggett
Guarda-Roupa: Janet Patterson
Edição: Veronika Jenet







Um livro a ler e um filme com interpretações absolutamente fabulosas! Ler e ver para crer!

Até breve Tágide.

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26 de maio de 2010

Obras de Henry James - "The turn of the screw" entre outras.

Photograph of Henry James.Image via Wikipedia




























"Henry James, romancista americano nascido em Nova Iorque, a 15 de Abril de 1843, naturalizou-se cidadão inglês em 1915. Criador de uma vasta obra (escreveu 20 romances, 112 contos, 12 peças de teatro e alguns artigos de crítica literária), Henry James é uma das grandes figuras literárias de língua inglesa.

Beneficiou de uma educação esmerada, pois o seu pai era um dos mais conhecidos intelectuais americanos. Durante a juventude, Henry James realizou viagens frequentes à Europa, vindo mais tarde a viver em Paris, onde foi correspondente do New York Tribune, e em Inglaterra, país onde viria a morrer em 1916.

Autor de obras-primas como Daisy Miller (1879), Portrait of a Lady (1881), The Bostonians (1886) e The Embassadors (1903), Henry James foi postumamente laureado com graus pelas Universidades de Oxford e Harvard, eleito para o National Institute of Arts and Letters e, em 1950, para a American Academy of Arts and Letters,
tendo recebido também a Ordem de Mérito pelo Rei George V.


A novela The turn of the screw de Henry James foi objecto de intensa actividade de crítica literária.
Ao longo de cerca de um século, dois grandes grupos interpretativos tornaram-se referência obrigatória sobre o assunto. O primeiro deles é composto, grosso modo, de resenhas, artigos e livros que inserem a novela na linha da narrativa fantástica; já o segundo grupo interpretativo pode ser nomeado de "psicologizante", ao sugerir que The turn of the screw não é uma história de fantasmas, mas o estudo em ficção de um caso de doença psíquica. Nessa linha de debates, o autor procura introduzir uma terceira via interpretativa que se fundamenta nalguns aspectos técnicos da obra teórica de William James, irmão de Henry.

A novela The turn of the screw, de Henry James, suscitou interpretações várias desde sua aparição em 1898. Como se pode esperar de toda obra suficientemente rica, algo nela – talvez o estilo refinado de James ou as tonalidades de colorido afectivo emprestadas aos personagens; talvez a complexidade dos climas instaurados ou apenas o teor do tema explorado – permite que cada um a leia de um modo diverso. Logo nas primeiras linhas, o escritor leva o leitor a paragens misteriosas.

No prólogo, estabelece-se a moldura da história: um homem, após as mortes do seu irmão e cunhada na Índia, passa a tutor do casal de sobrinhos. Sem a menor aptidão para os atributos práticos e afectivos de uma paternidade acidental, o tio instala as crianças em uma casa de campo em Bly, deixando-as aos cuidados directos de uma jovem preceptora, que, em dado momento, morre em circunstâncias misteriosas. Diante deste facto fúnebre, o tio contrata uma nova preceptora, também jovem e bonita como a anterior, para a educação e orientação das crianças.


O isolamento em Bly, intensificado pela "condição principal" imposta pelo tio, que era a de não ser nunca incomodado, é fundamental para a criação da atmosfera nubelosa em que a história se desenvolve, na verdade um relato em tom de diário escrito pela nova preceptora. Nesse relato, há, predominantemente, a presença das crianças, de uma empregada da casa e, é claro, da própria autora do manuscrito, sendo os outros personagens figuras muito apagadas, quase ausências. Mas, pouco a pouco, como a bruma, uma inquietude, intensificada e matizada ao longo da novela, insinua-se pelas páginas do diário, anunciando os primeiros sinais da presença de outros personagens mais sinistros.

Da sugestão de um sobrenatural mais diáfano, a história toma, a partir de certo ponto, um sentido fantasmagórico franco, como o comprova a sucessão de aparições sobrenaturais à preceptora e, possivelmente, às crianças também.




É difícil escolher trechos, que mostrem a ambiência de mistério, morbidez e terror sugerida aos leitores de The turn of the screw. O melhor é mesmo ler o livro e deixar-se transportar para esta envolvência fascinante.

Alguns jornais da época em que a novela foi lançada, manifestaram opiniões extremas, talvez como uma primeira reacção à violência que o texto produziu nos leitores. E mesmo H. James teria provado de seu próprio veneno, ao experimentar "parte do terror que ele estava tentando evocar".
O misto de fascínio e estranheza que as histórias de fantasmas costumam provocar parece ganhar sua expressão plena na escrita envolvente de James.


Como destacou um dos comentadores da obra do escritor, "em geral os fantasmas de James não são gratuitos como tendem a ser no conto usual de terror. Como aqueles de Shakespeare, eles aparecem apenas para pessoas a quem a angústia tenha primeiro qualificado para a experiência".
Seguindo essa directriz, alguns críticos privilegiaram a busca de um sentido psicológico para as vivências incomuns experimentadas pela nova preceptora. Basearam-se, talvez de modo excessivamente esquemático, na convicção de que haveria algum tipo de conflito interno na base das angústias e, nesse caso, das pseudo-alucinações ou alucinações visuais experimentadas pela protagonista.


O que James adicionou ao conto fantástico foi, na realidade, uma série de profundos estudos acerca das modalidades da angústia humana – da capacidade que os homens têm de se temerem a si próprios, com fantasmas de sua própria invenção.


Para além deste fantástico conto H. James e dos romances, relatos curtos e obras de teatro, o autor deixou inúmeros ensaios sobre viagens, críticas literárias, cartas, e três obras autobiográficas.
Os últimos anos da sua vida transcorreram em absoluto isolamento na sua casa, que só deixou em 1904 para regressar brevemente aos Estados Unidos depois de 20 anos de ausência.

Em 1915, com a Primeira Guerra Mundial, James adoptou a cidadania britânica. Morreu aos 72 anos, pouco depois de receber a Ordem do Mérito britânica."

The Turn of the Screw já foi adaptado várias vezes ao cinema e em séries televisivas da BBC.

(Tradução livre de artigo in Mirror.co.uk).

Há uma obra de Henry James "The Portrait of a Lady" que irei por certo abordar aqui mas por agora deixo-vos com este fantástico:
The Turn of the Screw! Boas Leituras, até breve Tágide.

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24 de maio de 2010

Jacarandás em flor



Nesta altura do ano adoro ver os Jacarandás em flor.
Não é uma árvore fácil de encontrar em Lisboa mas há um lugar, muito especial para mim, o jardim do Museu de Arte Antiga de Lisboa, onde os Jacarandás já estão em flor.
Este jardim é um lugar fantástico, aliás o próprio Museu povoa as minhas memórias, vista  privilegiada sobre o Tejo e  merece ser descoberto. Muitos de nós não sabem o quanto este Museu pode ser surpreendente.

Deixo aqui, em jeito de roteiro, alguns exemplos que justificam uma visita ao Museu de Arte Antiga de Lisboa:

Tentações de Santo Antão, Museu Nacional de Ar... 

Tentações de Santo Antão
Jheronymus Bosch (Hertogenbosch, 1450/60-1516)
Óleo sobre madeira de carvalho
A 131,5 x L 119 (painel central) e L 53 (paineis laterais) cm
Palácio das Necessidades, Lisboa, 1913
MNAA inv. 1498 Pint
Piso 1, sala 61




Tentações de Santo Antão, Museu Nacional de Ar...

Images by Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian - via Flickr.
Não consigo escrever neste post de hoje tudo o que merece ser dito sobre esta obra.
Será tarefa para outro dia. Tarefa que irá implicar tempo e um desenrolar de memórias muito importantes para mim.
No entanto, transcrevo aqui as anotações que podemos encontrar no próprio Museu de Arte Antiga:

"(...) Através de uma escrita pictural de múltiplos signos, esta impressionante obra traduz o medo e a inquietação que tocam a alma e a natureza humanas. Num espaço de vastidão que evolui desde os lugares subterrâneos até às regiões aéreas, as tábuas do tríptico estabelecem a progressão do caminho de Santo Antão. No centro da composição o santo olha para fora do quadro, olha para além do espaço de desordem que materializou em pintura os seres fantásticos que o povoam com o mesmo ímpeto com que atormentam o espírito. Recolhido no escuro e apontado pelo seu bordão, Cristo é o indelével sinal de uma luz redentora.

Poderosa súmula de pensamento que anuncia mudança, esta pintura organiza-se entre a obssessiva tradição medieval do registo minucioso e a modernidade com que se constrói um espaço global que explode em clarões e valores lumínicos que conferem unidade ao caos aparente. Aquém e além da linha do horizonte, as figuras surreais movem-se e esvoaçam num mundo de tormenta que tem o seu contraponto no Jardim das Delícias, outra obra máxima de Bosch que se encontra no Museu do Prado, em Madrid.
Uma inventada unidade do espaço integra as múltiplas cenas e narrativas que preenchem o painel central e os volantes laterais, território para um formigar de seres e de episódios que desafiam a nossa interpretação e que ocupam, literalmente, os quatro elementos do universo (céu, terra, água e fogo), matéria matricial da representação. Santo Antão divisa-se em três sequências da sua lendária experiência eremítica: à esquerda, agredido física e directamente pelos demónios que o elevam no ar e precipitam no solo; à direita, enfrentando a tentação da carne e o pecado da gula; a meio do painel central, sendo confrontado talvez com a maior de todas as tentações, a do abandono da Fé. Aí, no centro de tudo, no centro de um redemoinho diabólico, num espaço e num tempo invadido pelo mal, Santo Antão olha para nós e aponta para uma dupla representação de Cristo, figura e imagem refugiadas numa ruína.

A contemplação da peça não fica completa se não se virem as dramáticas “grisalhas”, no reverso dos painéis laterais, que nos mostram dois passos da Paixão de Cristo: a Prisão e o Caminho do Calvário no momento do encontro de Cristo com Santa Verónica. Ambas as cenas são marcadas pela violência e por um espaço desértico em primeiro plano, deserto que é lugar de cadáveres e de condenados, de morte e desolação, o que vem acentuar a mensagem pessimista, embora não desesperada, de todo o tríptico.


Incorporada no MNAA a partir do antigo palácio real das Necessidades, desconhecem-se as circunstâncias da chegada da obra a Portugal, não sendo certo que tenha feito parte da colecção do humanista Damião de Góis, como algumas vezes é referido.(...)"

Actualizado em: 26 de Novembro de 2008


Outras obras importantes,a ver de perto, são: 

Painéis de São Vicente

Nuno Gonçalves. Paineis de São Vicente de Fora Atribuídos a Nuno Gonçalves
(activo 1450-antes de 1491) 1470-80
Óleo (?) e têmpera sobre madeira de carvalho
Painel dos Frades – A 207,2 x L 64,2 cm
Painel dos Pescadores – A 207,2 x L 64,2 cm
Painel do Infante – A 206,4 x L 128 cm
Painel do Arcebispo – A 206 x L 128,3 cm
Painel dos Cavaleiros – A 206,6 x L 64,2 cm
Painel da Relíquia – A 206,5 x L 63,1 cm
Paço Patriarcal de São Vicente de Fora, Lisboa, 1916
MNAA inv. 1363, 1366, 1361, 1364, 1365, 1362 Pint

 
"(...)Nos seis painéis do Retábulo de São Vicente, atribuído a Nuno Gonçalves, pintor do rei D. Afonso V, revela-se um dos mais notáveis retratos colectivos da pintura europeia. Sendo este políptico fonte inesgotável de leituras e interpretações, um segmento considerável da recente historiografia concorda no facto da representação se centrar na Veneração a São Vicente no contexto das campanhas da Dinastia de Avis contra os mouros, em Marrocos.


A partir da simétrica representação de um santo diácono nas tábuas centrais – Painel do Infante e Painel do Arcebispo, a composição desenvolve-se para ambos os lados num esquema que vai contrapondo e alternando volumes, luz e cor sustentados por firme desenho. Na horizontal sucedem-se três planos que evoluem desde as figuras ajoelhadas até ao friso de múltiplas cabeças que remata a encenação, enquanto as linhas convergentes do mosaico do chão sublinham a construção perspética.

Reconhecem-se grupos sociais, nobres e cavaleiros, frades, clérigos e pescadores; distinguem-se trajes e tecidos; identifica-se a armaria e as jóias e examina-se a relíquia e os livros abertos. Nos rostos silenciosos e singulares de cada figura ou de cada grupo estampa-se a atmosfera de testemunho e devoção que envolve a serena dramatização que esta excepcional pintura invoca.
Estas seis pinturas atribuídas ao pintor régio de D. Afonso V (1432-1481), Nuno Gonçalves, redescobertas em 1882 no Paço Patriarcal de São Vicente de Fora e geralmente nomeadas segundo designações propostas em 1909 por José de Figueiredo ? painel dos Frades, dos Pescadores, do Infante, do Arcebispo, dos Cavaleiros e da Relíquia ? , constituem um conjunto excepcional tanto no quadro da arte portuguesa de todos os tempos como no contexto da grande pintura europeia do século XV. A sua apresentação segundo uma estrutura horizontal, articulada de acordo com a perspectiva dos ladrilhos que definem o pavimento e unificada pelo friso de cabeças ao longo da parte superior da composição, deve corresponder à sequência da disposição primitiva dos painéis, que originalmente estariam integrados no retábulo do Altar de São Vicente da capela-mor da Sé de Lisboa (c. 1470), tal como as outras duas pinturas expostas nesta sala inscrevendo passos dos martírios de São Vicente.

Os Painéis apresentam-nos um agrupamento de 58 personagens individualizadas em torno da dupla figuração de São Vicente, solene e monumental assembleia representativa da Corte e de vários estados da sociedade portuguesa da época, com destaque para a Cavalaria e para a Igreja nas suas diversas hierarquias, em acto de veneração ao patrono e inspirador da expansão militar quatrocentista no Magrebe. Tais personagens, em volumes claramente afirmados, tão humaníssima e poderosamente caracterizadas pela concentração expressiva dos rostos e atitudes como pela requintada definição pictórica dos trajes e seus adereços, parecem aliar, nesta encenação cerimonial, a intenção de uma evocação narrativa a uma visão contemplativa. Embora permaneça problemático, na ausência de testemunhos coetâneos à sua criação, o pleno entendimento da intenção e significado da obra, ela deve estar assim associada a uma dupla função, votiva e evocativa, dos triunfos guerreiros da dinastia de Avis no norte de África.

Singular “retrato colectivo” na história da pintura europeia, é uma obra de enorme importância simbólica na cultura portuguesa. Daí os desafios interpretativos que tem suscitado nomeadamente no domínio das identificações iconográficas, exercício mais ou menos imaginativo que tem alimentado uma polémica já secular e até ao momento inconclusiva."

Deixo aqui também o link para o site de Museu:





   http://www.mnarteantiga-ipmuseus.pt/



"Situado na rua das Janelas Verdes que faz ligação com o contíguo largo de Santos-o-Velho, a nascente, e com o sítio da Pampulha, a poente, da onomástica desta rua lhe vem o nome pelo qual é popularmente conhecido – o de Museu das Janelas Verdes. ...


... Característica artéria, ainda hoje semeada pela memória de antigos palácios, igrejas e conventos, convertidos na actualidade nos mais diversos fins, a sua localização, alcantilada sobre o rio e a zona portuária, confere-lhe uma envolvência cenográfica invejável.

A meio da rua, frente à primitiva entrada principal do museu, abre-se um pequeno largo de planta em U, denominado largo do Dr. José de Figueiredo (primeiro director do Museu) cujo projecto é da responsabilidade de Reinaldo Manuel dos Santos (1731-1791), datável de 1778. Também de sua autoria é o desenho do pedestal do chafariz cuja parte superior recebe um grupo escultórico representando Vénus e Cupido, executado pelo escultor António Machado (-1810).

Mais adiante, na extremidade ocidental do edifício, abre-se um pequeno jardim construído sobre a chamada Rocha do Conde de Óbidos, formação rochosa sobre a qual se situavam outrora, de um lado o palácio dos condes de Óbidos (actuais instalações da Cruz Vermelha) e do outro um antigo convento feminino, o designado convento das Albertas. Este convento já não existe e no seu lugar ergue-se, hoje em dia, a ala do museu edificada no final dos anos de 1930, enquanto a pequena cerca do convento foi transformada num jardim público – o Jardim 9 de Abril – que dá acesso à entrada principal e que liga, através de duas longas escadarias que tiram partido da topografia, com a avenida 24 de Julho, toponímia do antigo Aterro oitocentista."



Espero ter sido o suficiente para vos despertar o interesse em visitar este Museu e o seu jardim!

Os jacarandás já estão em flor! levem um livro e boas leituras.


Até breve! Tágide.


 








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23 de maio de 2010

" Wordle" Bonitas Nuvens de Palavras

Wordle: UntitledImage representing Wordle as depicted in Crunc...


Este é só um pequeno exemplo. No site da wordle divirta-se a fazer as suas nuvens de palavras.

Outra ferramenta divertida para bloggers!!


"Wordle is a toy for generating “word clouds” from text that you provide. The clouds give greater prominence to words that appear more frequently in the source text. You can tweak your clouds with different fonts, layouts, and color schemes. The images you create with Wordle are yours to use however you like. You can print them out, or save them to the Wordle gallery to share with your friends."

Divirtam-se! Até breve Tágide.

Wordle.net » tag cloud for nedward.org



 



 

Image by John Niedermeyer via Flickr




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Round Wonder - palavras para quê...





No site  http://www.slide.com/ é possivel fazer composições muito interessantes, experimentem e vão ver como é divertido.

Eu fiz aqui um pequena brincadeira com o nosso "planeta azul" ou "blue round wonder"
Até breve Tágide!
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22 de maio de 2010

"Liberdade" de Fernando Pessoa interpretado por João Villaret


Mais uma vez Fernando Pessoa...


LIBERDADE
(Interpretado na voz de João Villaret é como eu me lembro deste poema)

Ai que prazer

Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!

Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.


O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa…


Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.


Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!


Grande é a poesia, a bondade e as danças…
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca…

Fernando Pessoa

Villaret
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Villaret.jpg

Que saudades que deixou JoãoVillaret, não me vou esquecer nunca do som inconfundível da sua voz e da sua capacidade de nos surpreender.

Mesmo eu que amo os livros, prezo esta "liberdade" hoje não vou pegar num livro!

e que prazer...

Até breve Tágide!




20 de maio de 2010

"O monge e o filósofo" - Jean-François Revel e Mathieu Ricard


Mudando completamente de tema e de tom encontrei este livro e pensei que era altura de o mencionar aqui:


"Le moine et le philosophe"

Pai e filho. Um nasceu em 1924, o outro em 1946; um é filósofo, ensaísta, professor e ex-director do L’Express, o outro é cientista, especialista em Biologia Molecular e ex-investigador no Instituto Pasteur de Paris.

O pai, Jean-François Revel, pertence à Academia Francesa e foi premiado pelo conjunto da sua obra literária; o filho, Mathieu Ricard, abandonou uma carreira brilhante para se converter ao budismo, fez-se monge, tornou-se um dos maiores especialistas mundiais em matéria de espiritualidade tibetana e é há muitos anos o tradutor e acompanhante do Nobel da Paz.
Mathieu Ricard pertence ao círculo íntimo do Dalai Lama, fez incontáveis traduções de escritos tibetanos antigos e é autor de alguns livros de referência sobre o budismo.


Há cerca de doze anos pai e filho decidiram sentar-se juntos em Hatiban, no Nepal, no isolamento de um lugar único erguido no cimo da montanha que domina Katmandu, para uma longa conversa que haveria de ser gravada e depois editada em forma de livro.


Matthieu Ricard in Tibet

"Le moine et le philosophe" não é um livro recente, portanto. Mas continua actual. Dolorosamente actual, para ser mais exacta. Os factos relativos às perseguições, extermínios e domínios permanecem na ordem do dia e revelam a atitude de impiedosa repressão exercida e mantida pelo governo chinês sobre o povo tibetano.

Ao longo do livro que agora leio com um olhar mais atento por ter acompanhado de perto os ensinamentos do Dalai Lama quando esteve em Lisboa, mas também por ter no meu círculo de amigos alguns budistas, esta realidade do genocídio e de todas as formas de opressão está muito presente e obriga a pensar.
Mas há uma outra realidade, infinitamente mais luminosa e inspiradora, que faz parar aqui e ali, sublinhar o que está escrito e até pousar o livro por breves momentos para conferir mentalmente teorias e práticas.

Não sou budista nem nunca serei mas esta certeza íntima não atrapalha em nada o meu fascínio pela espiritualidade tibetana e muito menos impede a minha adesão incondicional à personalidade e mensagem do Dalai Lama.

Mesmo não sendo dada à meditação budista, vou tentando perceber uma ou outra coisa que encaixo e adapto ao meu espírito que recorrentemente precisa de silêncio e contemplação.
O livro foi-me oferecido por uma amiga budista que sabe e percebe que há mais coincidências do que divergências entre quem "contempla" e quem medita. O gesto de me oferecer este e outros livros revela uma delicadeza enorme e uma amizade atenta ao essencial, aliás. Não se trata de uma tentativa de conversão mas antes de uma possibilidade de comunhão em questões fundamentais.

Hans Kung, filósofo alemão contemporâneo de Jean-François Revel, diz que é pela ética que vamos e eu acredito que sim, que a ética é um grande caminho para a humanidade.


Acredito que o altruísmo, a bondade e a sinceridade são as rectas dessa longa e sinuosa estrada e sei que não são exclusivos de nenhuma fé, culto religioso ou prática espiritual. Melhor assim.


Até breve Tágide!

Transcrevo alguns excertos que me parecem merecer serem compartilhados:

” Com muita frequência, a fascinação pelo “novo”, pelo “diferente”, reflecte uma pobreza interior. Incapazes de encontrar a felicidade em nós mesmos, nós a procuramos desesperadamente do lado de fora, em objectos, experiências, maneiras de pensar ou de se comportar cada vez mais estranhas. Em suma, afastamo-nos da felicidade procurando-a onde ela não está.”


“Em vez de aprender a não ter necessidades, nós multiplicamos necessidades.”

” O sofrimento resulta da ignorância. Portanto é a ignorância que preciso dissipar. E a ignorância, na sua essência, é o apego ao “eu” e à solidez dos fenómenos. Aliviar os sofrimentos imediatos de outrem é um dever, mas não basta: é preciso remediar as causas do próprio sofrimento.”

“Pode-se deter um conflito, uma guerra, mas outros sobreviverão, a menos que o espírito das pessoas se modifique.”

“O Poder, as posses, os prazeres dos sentidos, a fama – podem proporcionar satisfações momentâneas, mas nunca são fontes de satisfação permanente e, mais cedo ou mais tarde, transformam-se em descontentamento".

” Numa primeira análise, o budismo conclui que o sofrimento nasce do desejo, do apego, do ódio, do orgulho, da inveja, da falta de discernimento e de todos os factores mentais que são chamados negativos ou obscurecedores, porque transtornam o espírito e o mergulham num estado de confusão e insegurança.”

” A fé  torna-se superstição quando se distancia da razão, ou mais ainda, quando ela se opõe. Mas quando está associada a razão, impede-a de ser um simples jogo intelectual”

” Já dizia Epicuro que cada necessidade satisfeita cria novas necessidades e multiplica o sentimento de frustração.”


in Jornal de Letras



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"Yargo" de Jacqueline Susann - e percebi que uma estrela dançava no céu à minha espera!


Prometi por isso cá estou a falar do tal livro "Yargo" que no ínicio dos anos 80 quase decorei com medo que "Fahrenheit 451" fosse mesmo acontecer! (ver o meu post de ontem).

Sinopse livre da história:

Janete Cooper sonhava com a sua vida enfadonha na praia da sua infância quando percebeu que uma estrela dançava no céu á sua espreita. Tentou pedir um desejo que pudesse mudar a sua vida tão vazia de emoções. O seu destino era casar com David, mas até então, não tinha a certeza se aquela era uma escolha realmente sua ou da sua Mãe que sempre dava palpites na sua vida.
Foi depois deste insólito acontecimento que pensou falar com o seu psiquiatra. não sobre as dúvidas em relação ao seu casamento com David, mas sobre aquela luz que bailava no céu, um disco voador que a iria levar em breve para o mundo de Yargo.
Os habitantes de Yargo eram seres extremamente belos e evoluídos.


Levada por engano por ter sido confundida com uma cientista famosa, Janet chega a Yargo,  planeta muito distante da terra.
A viagem foi tão inacreditável, que até parecia uma excursão diante da hospitalidade do povo, mas a frieza com que anunciaram que fora um erro levá-la para lá foi uma surpresa... e agora? Não podia voltar para a Terra, restava saber se o planeta Marte a aceitaria. Um julgamento é marcado para decidir o seu destino.
Diante do "Deus" Yargo (que ela conheceu somente no dia do julgamento), não pode deixar de chorar impressionando todos os presentes que acharam aquele impulso uma coisa rara e milagrosa, mas ela não podia ficar.
Estava tudo preparado para a sua viagem que teria a trajectória alterada bruscamente.


Será que Janet ira voltar para sua vida, será capaz de contar ao mundo o que estava preparado para uma cientista famosa contar, logo Janet, tão simples e desconhecida.(...).

Acho que devia ter uns doze ou treze anos quando li este livro! aliás este foi um dos últimos livros que li antes de entrar numa longa fase de "ficção científica"! Acho que quase todos os adolescentes do meu tempo passaram por essa fase.

Mais tarde descobri que o livro mais notável de Jacqueline Susann  foi Valley of the Dolls - "O Vale das Bonecas" (em português), um livro que quebrou todos os recordes de vendas e que deu origem a um filme e a uma série televisiva.

Valley of The Dolls(book cover)by Jaqueline susann


Publicado originalmente em 1966, "O VALE DAS BONECAS", de Jacqueline Susan, é um clássico da literatura americana. Com ingredientes explosivos para a época: muito sexo e drogas, o livro ajudou a retratar um outro lado da nova mulher dos anos 60 e consagrou-se como um grande clássico da cultura pop. A história de três mulheres bonitas e completamente viciadas em comprimidos - e no seu caminho árduo até á fama e fortuna tornou-se um grande sucesso de vendas.

Anne, Neely e Jennifer têm um sonho em comum: o sucesso no showbiz. As três conhecem-se em Nova York e tornam-se amigas. Circulando pelos bastidores nem sempre glamurosos do mundo dos espectáculos, elas compartilham os mesmos objectivos, decepções e um apetite voraz por estimulantes, que ingerem com fartas doses de álcool.

Qualquer semelhança é realmente mera coincidência com a vida de quase-estrela da Broadway de Susan nos anos 50. Mesmo sendo o romance mais característico dos anos 60 "O VALE DAS BONECAS" parece ter previsto os movimentos pós-punk e pós-feministas dos anos 90. Foi adaptado para o cinema em 1967 com Sharon Tate, Patty Duke e Barbara Parkins nos papéis principais.

Jacqueline Susan deixou sua cidade natal, Philadelphia, aos 18 anos, partindo para Nova York onde viveu e trabalhou como actriz por muitos anos. Contudo, foi o sucesso dos seus livros:  "O vale das bonecas", "A máquina do amor" e "Uma vez só é pouco" que a transformaram numa verdadeira "superstar" kitch. Susan, que morreu em 1974, foi casada com o produtor Irving Mansfield.

"Jacqueline Susan compreendia por instinto que seus leitores estavam prontos para o lado cru do amor, para uma sexualidade mais aberta e um tipo de história mais duro. Para um romance com lágrimas e sexo oral." - in The New Yorker

Tudo bem um pouco kitch!  mas "Décadas à frente de seu tempo!"

Para a próxima prometo mais "substância"!!! Boas leituras. Até breve Tágide.



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