Walt Whitman (1819 - 1892)

Walt Whitman (1819 - 1892)
(...) What do you see, Walt Whitman? Who are they you salute, and that one after another salute you? (...)

10 de junho de 2010

Por onde andam os vampiros a que nos habituámos no passado? Os que mordem mesmo!


Bela Lugosi 1882 - 1956
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O vampiro é, na minha opinião, uma das personagens mais fantásticas e sedutoras da literatura e do cinema, existindo inúmeras versões de "vampiros" e do seu mito. Apesar, desta personagem literária já advir do século dezanove, só na actualidade ganhou este mediatismo incalculável e um pouco estranho! Passo a explicar: 

Os vampiros viraram moda, que o diga Stephenie Meyer, autora de 4 dos livros mais lidos dos últimos tempos, inclusive em Portugal. Mas parece que a autora ainda não se cansou de escrever sobre vampiros e depois de “Crepúsculo”, “Lua Nova”, “Eclispe”, e “Amanhacer” a autora resolveu lançar mais um sobre o mesmo tema, o seu título, ainda não traduzido é, “The Short Second Life Of Bree Tanner: An Eclipse Novella”.

                
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Desconfio que os fãs portugueses desta saga vão encher as livrarias mal este livro esteja disponível para venda em Portugal. O lançamento mundial está previsto para 5 de Junho, uns dias antes de ser lançado o novo filme baseado no livro “Eclipse”.

Mas voltando um pouco atrás:

As histórias sobre vampiros são bastante antigas, aparecendo na mitologia de várias regiões, sendo os casos mais mediáticos a Europa e o Médio Oriente. Segundo a lenda, o vampiro é um ente mitológico que se alimenta de sangue humano para sobreviver, não podendo enfrentar a luz do sol. Para além disso, dormem em caixões enquanto existe luz e atacam à noite, sendo que as formas de combatê-los são o uso de objectos sagrados, alhos e água benta.
Esta criatura veio a ser adoptada na literatura com estas características, mas se confrontarmos estas informações com o trabalho realizado por Stephenie Meyer, é fácil perceber que pouco ou nada se mantém a lenda original…
Na série Twilight, encontramos vampiros adolescentes com vidas extremamente ocupadas, lutando por manter em segredo a sua vida paralela. Como se isso não bastasse, estes seres quando estão em confronto com o sol brilham, como se algo de divino tivessem… A mesma divindade que supostamente os deveria matar!
Para estes vampiros, a morte só acontece quando são esquartejados e em seguida queimados.
Contudo, a aceitação foi incrível e existem milhões de seguidores desta série, principalmente o público adolescente do sexo feminino, isso acontece muito provavelmente pela utilização de uma reencarnação do amor vivido entre Romeu e Julieta, um amor impossível. Esta seria uma interpretação positiva.

Não está em causa aqui a qualidade literária da escritora, mas sim a forma como ela reutilizou uma lenda com séculos de história. Apesar dos resultados dessa mudança estarem aos olhos de todos com um lucro astronómico, tenho grandes dúvidas se esta não será mais uma moda que daqui a alguns anos, vai encontrar-se gasta e esquecida por todos. É o preço de uma sociedade que se encontra na era das modas e que segue as tendências sem muito espírito crítico.

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Na minha opinião de "purista" podem chamar-me assim!! John Polidori e Bram Stoker, dois dos autores vanguardistas deste mito na literatura, andam com certeza às voltas nos seus respectivos caixões.
para mim ou é ou não é vampiro! ou morde ou não morde! Este ah!. não mordo coitadinha! se a morder fica como eu! não é nada comparado com o enorme poder de sedução de um vampiro à moda antiga!!
Os caixões, por exemplo,  objectos esses com enorme simbologia neste mito, nem dispõem  menção nos livros de Meyer. Na actualidade, observamos um vampiro desfigurado, completamente afastado da criatura maligna mas sedutora, que foi outrora.

Onde andam os vampiros a que nos habituámos no passado? Onde estão os verdadeiros heróis malvados, que mordem pescoços sem piedade e se alimentam dos seres humanos para sobreviver?


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Agora até sangue em garrafas existe, no universo das séries também parte desta moda, True Blood e Lua Vermelha. Agora todos os vampiros são bonzinhos e ‘humanizados’, já não existe a malvadez que gostávamos de ver neles nos grandes filmes de terror do antigamente. Agora, os vampiros são bonitos, simpáticos, queridos e amorosos. É uma nova concepção de vampiro, que perde o misticismo de antes mas agarra o público através da humanização dos seus protagonistas. E as histórias inspiradas nesta nova faceta dos vampiros têm-se tornado sucessos sem precedentes. Quem diria que o mundo vampiresco se tornaria tão comercial? Mas confesso que não gosto! é a minha opinião! muito honestamente.

Acho que o problema aqui é que, para que os livros de vampiros sejam do agrado do maior número de pessoas possível, todas as características passiveis de afastar leitores facilmente impressionáveis são exorcisadas das obras como se fossem demónio em dia santo.
O resultado - independentemente da qualidade da escrita - são romances onde o facto de algumas das personagens serem vampiras é meramente acidental.

Para Rui Zink, professor de literatura e também ele com uma incursão literária recente neste mundo (participou em "Contos de Vampiros", da Porto Editora), lembra o que esta figura sempre representou: "É o morto-vivo, dividido entre um mundo e outro sem pertencer a nenhum", simultaneamente sensual e assustador e que nunca deixou de fascinar. O ressuscitar da moda, continua, tem mais a ver com a saturação de outros filões. "Depois de anos de bruxas e mágicos (Harry Potter), o mercado estava à procura de algo 'novo' - isto é, algo velho mas com roupagens novas, que pudesse apanhar a curva descendente daquele interesse."  (in Jornal Expresso). Mas o que é demais enjoa!

Nos velhos tempos... dos Vampiros à séria:


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O "Drácula de Bram Stocker" tem mais de 100 anos.
Bram Stoker erigiu a este príncipe assassino da Renascença um monumento literário com o seu romance Drácula (1897), que alcançou uma popularidade extraordinária.
Para o escrever, baseou-se num livro de viagens, Land Beyond the Forest (1888), onde Emily de Laszkowska Gerard disserta sobre as superstições romenas e fala muito de Vlad Dracul e da crença em vampiros na Transilvânia. Esta excelente amálgama literária nasceu assim da crença popular em vampiros e de fragmentos da história de Vlad Dracul.

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E assim se confundiram acontecimentos reais com fantasias sobre vampiros e a crença em mortos-vivos.
Ao misturar-se a ideia de espetar uma estaca nos mortos-vivos com os métodos de execução de Dracula, transformou-se o príncipe da Transilvânia no vampiro por excelência.

Adaptação ao Cinema:  

O realizar alemão Friedrich Murnau filmou "Nosferatu" nos anos 20. Coppola repescou a história em 1992, por exemplo.

Mas aqui está uma “Lista de Filmes Clássicos de Vampiros”:

 – Nosferatu (1922, Alemanha), direcção de F. W. Murnau. Filme mudo, a preto e branco. Palavras para quê! Se gosta de filmes sobre vampiros não pode deixar de ver este clássico! Considerado o primeiro filme de vampiros baseado no livro de Bram Stoker (Drácula). Um clássico do expressionismo alemão. Uma raridade!


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 – Drácula (1931, EUA), direção de Tod Browning. Este filme tornou-se um clássico do horror. A famosa história do Conde Drácula da Transilvânia interpretada pelo húngaro Bela Lugosi que, só para vê-lo a ele, compensa assistir a este filme.

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O Vampiro da Noite (1958, Inglaterra), com direcção de Terence Fisher. Um clássico a cores. Pode-se dizer que Christopher Lee é o primeiro actor que dá uma interpretação elegante e sensual a Drácula.
Para quem gosta (além de vampiros) do clássico ar sombrío e frio presente em filmes de terror, esta é uma óptima escolha. Clássico de cult, de terror e de vampiros! Há quem diga que é o melhor filme de Fisher.
Sem sombra de dúvidas: para a coleção!

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Rosas de Sangue (1960, França), direcção de Roger Vadim. Baseia-se no conto de Sheridan Le Fanu e procura explorar o elemento sexual do vampirismo por meio da figura da mulher e do lesbianismo.
O director privilegia os elementos estéticos em detrimento da trama. Há quem diga que Vadim tem uma concepção moderna e requintada de cinema ao privilegiar o belo.


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A Dança dos Vampiros (1967, EUA), direcção de Roman Polanski. Uma das curiosidades desse filme é ter Polanski também como actor. O filme é uma mescla de policial e comédia. Uma formula inovadora para abordar o universo vampiresco.

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- Nosferatu, o Vampiro da Noite (1979, EUA), direcção de Werner Herzog. Remake do clássico de Murnau, também baseado no clássico de Bram Stoker. Para os colecionadores do vampiresco!


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Fome de Viver (1983, EUA), direcção de Tony Scott. O elenco é de peso: Catherine Deneuve, David Bowie e Susan Sarandon. Só para ter uma idéia do que lhe espera. Este é sem dúvida um filme de “cult” de vampiros que mistura suspense e sensualidade. O vampirismo é renovado neste filme. O filme é elegante, ousado e inesquecível.

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Drácula, de Bram Stoker (1992, EUA), direcção de Francis Ford Coppola. Coppola é sensacional.
O filme possui , na minha opinião, também um carácter romântico e volta ao original de Bram Stoker de forma refinada. A fotografia do filme é uma verdadeira obra de arte. Ganhou três Oscars (efeitos sonoros, melhor guarda roupa e melhor maquilhagem) e é nomeado na categoria melhor direcção de arte. O filme compensa por tudo, especialmente pelo elenco: Gary Oldman, Winona Ryder, Anthony Hopkins e Keanu Reeves.

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Entrevista com o Vampiro (1994, EUA), direcção de Neil Jordan. Baseado no livro de Anne Rice (na foto em baixo á direita) que também adaptou o roteiro para as telas. Os actores Brad Pitt, Christian Slater, Tom Cruise e Kirsten Dunst. O filme não possui o requinte artístico de outros clássicos, mas encanta e com certeza pode ser considerado um clássico mais contemporâneo.

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A Sombra do Vampiro (2000, EUA, Luxemburgo), direção de E. Elias Meckige. Uma curiosidade: o actor Nicolas Cage ajudou a produzir este filme. A proposta do filme é a seguinte: mostrar a produção dos bastidores de Nosferatu e criar um filme o mais realista possível. A meu ver, não é tão bom como outros clássicos, mas vale pela atuação de John Malkovich e Willem Dafoe.

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Daybreakers (Janeiro de 2010 EUA) O enredo do filme consiste na disseminação de uma praga, no ano 2019, que transforma a maioria da população humana em vampiros. Com a escassez de sangue humano, as raças de vampiros dominantes capturam os poucos resistentes da raça humana que são caçados e transportados para bancos de sangue. Entretanto, um hematologista (Ethan Hawke) trabalha com um pequeno grupo rebelde, que tenta proteger a todo o custo os restantes humanos (Willem Dafoe, Claudia Karvan) tendo em vista a cura do vampirismo.
Daybreakers foi escrito e realizado pelos irmãos australianos Michael e Peter Spierig.

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Fonte: "Diálogos Com Outros Mundos"

Autores: Dr. Elmar Gruber, Peter Fiebag


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Vou dizer-vos o que eu penso:

Nem sempre têm dentes afiados, não dormem em caixões, podem até ser "vegetarianos" e sair durante o dia...não estes não são os - vampiros - !

Porque é que estes novos vampiros estão na moda?
Talvez, pela mesma razão que tornaram a vir a lume na recta final da era vitoriana, com a publicação de Drácula, ou voltaram a manifestar-se ao longo dos anos 50 e 60 do século XX, na sequência dos filmes da Hammer Horror com Christopher Lee no papel do conde de Bram Stoker,  porque personificam quase todos os conflitos que importam ao entendimento da espécie, incluindo aqueles que opõem o progresso ao obscurantismo, os animais aos homens e, naturalmente, estes a Deus.

Invocados e temidos pelo menos desde a Antiguidade Clássica, os vampiros conseguiram corresponder às ansiedades das mais diferentes épocas – e ainda hoje a obra-prima de Stoker é tida como o segundo livro mais vendido de sempre (a seguir à Bíblia Sagrada, pois), superando marcos da cultura popular e erudita como A Vida e as Opiniões de Tristram Shandy, de Lawrence Sterne, Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Marquez.
E, porém, cada período de fulgor iluminou algumas dessas contradições em particular.

O Drácula de Bram Stoker era verdadeiramente um eterno romântico mas um monstro: aprendera os códigos de sociabilização, mas apenas para se apropriar deles – e, além disso, não só era de uma fealdade prodigiosa, como era um assassino sem quaisquer constrangimentos éticos. Temê-lo era, em boa parte, temer a própria imortalidade. Quem fosse mordido pelo vampiro virava o mesmo que ele: mais do que uma alma danada, um ser sem alma (e sem redenção). E, embora o final do século XIX fosse já uma época de questionamento, não deixava de ser também de profunda religiosidade.

Sigmund Freud e a sua Psicanálise ainda eram apenas um rumor – e o que estava em jogo na dualidade consciente/inconsciente, no duelo entre o sono e a vigília, era a relação do Homem, sugado na sua vontade pelo vício que o vampiro lhe brandia, com o próprio Deus. Havia ali evasão. Mas, se o edifício era modernista, as suas fundações eram góticas. No essencial, a busca era ainda a do Divino, embora por terríficos caminhos. Nada disso se passa com esta nova geração dos vampiros.

Os vampiros que hoje temos usam um tanto dessa fantasia original, outro tanto do manifesto sexual latente nos congéneres dos anos 1950 e 1960 (incluindo a libertação da mulher e a inversão dos géneros, com piscadela de olho à aceitação da homossexualidade) – e depois uma série de tiques próprios deste tempo.
Talvez tenha sido uma sorte, para Stephenie Meyer, ter-se lembrado de escrever “Crepúsculo”. Mas o êxito da saga nesta altura, não foi fortuito.
Hoje, os vampiros estão por todo o lado: na literatura e no cinema, na TV, nos jogos de vídeo e na memorabilia.

E estão em todo o lado por motivos claros:
- porque são agora frescos e belos, fundindo na perfeição a sensualidade e o mito da eterna juventude; porque são sombrios e marginais, personificando ao mesmo tempo o apelo do oculto e a inquietação da inadaptabilidade; e porque, apesar de tudo, se mantêm perigosos, com tudo o que aí há de lúdico e, em simultâneo, de abissal
São as urgências deste tempo: a sensualidade, a inadaptação, a juventude, a vida eterna – e não é de estranhar que muitos dos admiradores do género defendam mesmo que o verdadeiro vampiro foi James Dean (epítome maior desse desassossego) do século XXI.


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Food for thought again...



Vampiros...
Os verdadeiros não brilham...

The End

Até breve Tágide!

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2 comentários:

  1. Gostei muito deste comentário sobre aquilo em que me habituei a pensar como "Vampiros com Açúcar"... E fez-me pensar que talvez este assunto se relacione com o facto de a geração a que se destina ser incapaz de absorver qualquer conceito místico ou invisível, assimilando apenas o imediato e evidente, uma "fast-culture" semelhante a uma "fast-food". Assim, também os convencionais filmes de terror padecem da ausência do místico e invisível elemento psicológico para dar lugar ao imediatismo gratuito de um "Saw" e afins....

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  2. Muito interessante como foi vulgarizado a linda e misteriosa concepção dos vampiros. Stephenie Meyer transforma os vampiros em algo doce e infantil, é como se fosse possivel um leão que alimenta-se apenas de alface! Drácula de Bram Stoker é um Clássico Maravilhoso, porque o vampiro é sim possuídor de um mal iniqualável e monstruoso, que seduz e mata por prazer e necessidade, mas Ama e luta, através do tempo, para reencontrar sua amada; essa mulher também o ama e não se importa ao ver o monstro que subexiste dentro de seu sedutor princípe, passando a lutar também para viver esse amor. Gente, basta assistir com atenção: Drácula de Bram Stoker é insuperável e único. esse filme é uma Obra-prima que jamais se verá igual ou parecido. E Gary Oldman, assim como Tom Cruise e Brat Pitt, superou-se em Beleza e Elegância, o personagem: Vampiros Realistas e Perfeitos.

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