Walt Whitman (1819 - 1892)

Walt Whitman (1819 - 1892)
(...) What do you see, Walt Whitman? Who are they you salute, and that one after another salute you? (...)

29 de junho de 2010

Antoine de Saint-Exupéry 1900 - 1944


Os diálogos entre o principezinho e a raposa lembram as primeiras leituras da infância, que volta e meia se revisitam.


foto in Google

O Google celebra hoje o 110º aniversário de Antoine de Saint-Exupéry, com banner do principezinho, que morreu com 44 anos num acidente de avião. O seu corpo nunca foi encontrado.


 google images

O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry

"(...) - Que quer dizer “cativar”?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer “cativar”?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços...”
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra.(...)"
 

O Pequeno Príncipe foi escrito e ilustrado por Antoine de Saint-Exupéry um ano antes de sua morte, em 1944.
Piloto de avião durante a Segunda Grande Guerra, o autor fez-se o narrador da história, que começa com uma aventura vivida no deserto depois de uma avaria no meio do Saara.

Certa manhã, é acordado pelo Pequeno Príncipe, que lhe pede: "Desenha-me um carneiro"? É aí que começa o relato das fantasias de uma criança como as outras, que questiona as coisas mais simples da vida com pureza e ingenuidade.

O principezinho havia deixado seu pequeno planeta, onde vivia apenas com uma rosa vaidosa e orgulhosa. Em suas andanças pela Galáxia, conheceu uma série de personagens inusitados – talvez não tão inusitados para as crianças!

Um rei que pensava que todos eram seus súditos, apesar de não haver ninguém por perto. Um homem de negócios que se dizia muito sério e ocupado, mas não tinha tempo para sonhar. Um bêbado que bebia para esquecer a vergonha que sentia por beber. Um geógrafo que se dizia sábio mas não sabia nada da geografia do seu próprio país.

Assim, cada personagem mostra o quanto as “pessoas grandes” se preocupam com coisas inúteis e não dão valor ao que merece ser valorizado. Isso tudo pode ser traduzido por uma frase da raposa, personagem que ensina ao menino de cabelos dourados o segredo do amor: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.

Antoine de Saint-Exupéry via os adultos como pessoas incapazes de entender o sentido da vida, pois haviam deixado de ser as crianças que um dia foram. Entendia que é difícil para os adultos (os quais considerava seres estranhos) compreender toda a sabedoria de uma criança.

Desta fábula foram feitos filmes, desenhos animados, além de adaptações. Muitos adultos ainda se emocionam ao relembrar passagens do livro. Talvez porque se tenham tornado “gente crescida” sem esquecer de que um dia foram crianças.


Pequena biografia de Antoine-Marie-Roger de Saint-Exupéry:

Aviador e escritor francês, Antoine-Marie-Roger de Saint-Exupéry nasceu em 1900, em Lyon, oriundo de uma família antiga da nobreza rural.
O pai, um executivo de uma companhia de seguros, faleceu em 1904 vítima de apoplexia, o que terá levado a mãe, mulher de sensibilidade artística, a mudar-se com os filhos para Le Mans, em 1909.
O jovem Antoine passaria portanto os seus anos de meninice no castelo de Saint Maurice de Rémens, rodeado das atenções das irmãs, tias, primas, amas e amigas da família.


Deixaria o castelo para estudar nos colégios jesuitas de Montgré e Le Mans e, na Suíça, entre os anos de 1915 e 1917, num colégio interno dirigido por padres marianos, em Fribourg. Após ter sido reprovado no exame final dos preparatórios para a universidade, ingressou na Escola de Belas-Artes como estudante de Arquitectura.

Em 1921 começou o cumprimento do serviço militar, às ordens do Segundo Regimento de Caçadores mas, como havia antes, aos doze anos de idade embarcado pela primeira vez num avião, foi enviado para Estrasburgo com a finalidade de receber treino como piloto. Fez o seu primeiro voo desacompanhado a 9 de Julho de 1921 e, no ano seguinte, com a obtenção do brevet, recebeu uma proposta de adesão à Força Aérea francesa. Acabaria por recusar, cedendo às pressões da família da sua noiva, a romancista Louise de Vilmorin, e tentou estabelecer-se em Paris, trabalhando num escritório e escrevendo em simultâneo.
A vida de aspirante a homem de família em Paris não se revelou muito proveitosa para Saint Exupéry.

Assim, após ter calcorreado sucessivos empregos, de guarda-livros a caixeiro-viajante, viu romper-se o noivado, e decidiu retomar a sua carreira na aviação.
Numa época em que a aviação postal dava os seus primeiros passos como séria concorrente às expedições por via marítima e férrea, Antoine de Saint-Exupéry passou a pertencer, com a assinatura de um contrato com a Aéropostale, ao grupo de pioneiros cuja coragem desafiava os limites da razão e da segurança, batendo recordes de velocidade para entregar o que o escritor gostava de considerar como cartas de amor.


Em 1926 publicou, na revista literária Le Navire d'Argent, o seu primeiro conto, L'Aviateur.
Fazendo a ponte aérea entre a França e o Norte de África durante três anos, e escapando à morte por diversas vezes, Saint-Exupéry ascendeu, em 1928, ao cargo de director do aeródromo de Cap Juby, no Rio de Oro, situado no deserto do Sara. Aí, não só se sentiu fascinado pela aridez da paisagem, como encontrou tempo e disposição para escrever Courrier-Sud (1929), o seu primeiro romance, em que tratava o fracasso da sua relação com Louise contraposto à bravura dos pilotos da aviação postal.

Ainda no mesmo ano, Saint-Exupéry mudou-se para a América do Sul, onde foi nomeado director da companhia Aeroposta Argentina. Pilotando aviões de correio, voou através dos Andes, amealhando experiências que lhe serviram como material para o seu segundo romance, Vol de Nuit (1931, Voo na Noite), que logo se tornou um sucesso de vendas internacional, tendo ganho o prémio literário Femina e sido adaptado para cinema em 1933, com nomes como Clark Gable e Lionel Barrymore no elenco. Na obra, Rivière, um chefe de aeroporto calejado, perdeu todas as perspectivas de chegar à reforma, tendo aceite o trabalho de pilotagem de voos postais como o seu destino.

Em 1931, Antoine de Saint-Exupéry contraiu matrimónio com uma viúva, Consuelo Gómez Castillo, cujas amizades compreendiam figuras literárias como Maurice Maeterlinck e Gabriele d'Annunzio, e que viria a descrever o escritor, nas suas memórias, como uma criança ou um anjo caído do céu. Consuelo, apesar da adoração que sentia por Saint-Exupéry, viveu com ele um casamento conturbado, repleto de ausências, ciúmes e infidelidades de ambas as partes.

Com o encerramento do correio aéreo na Argentina, Saint-Exupéry regressou à Europa, onde passou a fazer a ponte aérea entre Casablanca e Port Étinne, bem como a exercer a profissão de piloto de ensaios para a Air France e outras companhias de aviação. Deu contribuições para o periódico Paris-Soir e chegou mesmo a fazer a cobertura dos acontecimentos do May-Day em Moscovo e a escrever uma série de artigos sobre a Guerra Civil de Espanha.

Em 1935, aos comandos de uma aeronave experimental ao serviço da Air France, despenhou-se quando sobrevoava o Norte de África e, tendo sobrevivido, teve que caminhar pelo deserto durante alguns dias, até ter sido salvo por uma caravana. Dois anos depois, pilotando o mesmo modelo, escapou à morte com ferimentos graves quando o avião caiu sobre a Guatemala.
Durante o período de convalescença, foi fortemente encorajado pelo amigo e escritor André Gide a escrever sobre a sua profissão. Terre des Hommes (Terra dos Homens) seria publicado em 1939, ano em que arrebataria os prémios da Academia Francesa para Romance e o National Book Award nos Estados Unidos.

Com a ocupação da França pelas tropas Nacional-Socialistas alemãs, em 1940, Saint-Exupéry alistou-se e, embora acabasse por ser considerado como inapto para a aviação militar por causa dos seus ferimentos, chegou a pilotar alguns voos de ousadia, que lhe valeram a condecoração Cruz de Guerra.
No mês de Junho do mesmo ano, e após a assinatura do armistício pelo Marechal Pétain, Saint-Exupéry mudou-se para a França livre com a irmã, de onde partiu para os Estados Unidos. Publicaria, em 1942, na cidade de Nova Iorque Pilote de Guerre, romance em que descrevia a sua fuga da pátria ocupada, e que seria banido pelas autoridades alemãs em França.

Juntar-se-ia de novo, em 1943, à Força Aérea francesa baseada no Norte de África e, depois de uma aterragem duvidosa, seria declarado pelo seu comandante como demasiado velho para pilotar.
Não obstante, conseguiria posterior autorização para prosseguir os seus voos militares.
No mesmo ano publicaria a sua obra mais conhecida, Le Petit Prince (O Principezinho), uma fábula infantil para adultos, traduzida para quase meia centena de línguas, das quais se inclui o Latim.
O narrador da obra é um piloto que é forçado a aterrar de emergência no deserto, onde encontra um rapazinho, que se revela ser um príncipe de outro planeta.

Foto www.motivatedphot.com


O principezinho conta-lhe as suas aventuras na Terra e fala-lhe da preciosa rosa que possui no seu astro natal. Acaba, no entanto por ficar desiludido ao saber que as rosas são bastante comuns na Terra e é aconselhado, por uma raposa do deserto, a continuar a amar a sua rosa rara. O principezinho regressa ao seu próprio planeta, tendo, contudo, encontrado um sentido para a sua vida.

Descolando da ilha da Sardenha a 31 de Julho de 1944, em missão de reconhecimento, Saint-Exupéry nunca chegaria ao destino no Sul de França. Restam dúvidas quanto às possibilidades de ter sido abatido, ter tido uma falha técnica ou cometido suicídio. Deixou em terra o manuscrito inacabado de La Citadelle (1948, Cidadela), em que reflectia o seu crescente interesse pela política.

Em 1998, a cerca de 100 milhas marítimas ao largo da costa de Marselha, um pescador local encontrou no mar uma pulseira com o nome de Saint-Exupéry e de Consuelo Gómez Castillo, a qual suscita ainda incertezas quanto à sua autenticidade.


Principais Obras:

O aviador (1926);

Correio do Sul (1928);

Vôo Noturno (1931);

Terra de Homens (1939);

Piloto de Guerra (1942);

O Pequeno Príncipe (br) - O Principezinho (pt) (1943).

Cidadela (1948)



Até breve! boas leituras! Tágide
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27 de junho de 2010

As Irmãs Brontë




As irmâs Brontë - fotos de http://www.topfoto.co.uk/


É engraçado pensar que os primeiros romances publicados pelas irmãs Brontë (Charlotte, Emily e Anne sob o pseudônimo de Currer, Ellis e Acton Bell) tenham espalhado o rumor de que eram obras da mesma pessoa.
Embora uníssonas no período da publicação, a identidade das três irmãs está preservada na trama e na dicção de cada uma das obras.
Emily era a mais fechada das três, estava portanto mais aberta para escrever de uma forma que ninguém poderia imaginar.
Até mesmo a mais velha, Charlotte, tinha inicialmente as suas dúvidas quanto à qualidade de Wuthering Heights (O Monte dos Vendavais).

Chegou a pedir para a irmã que cortasse algumas passagens do livro. “My sister Emily is an incomparable poet but I am not certain what she is as a novelist”, Escreveu a um amigo.
E logo Charlotte, que convenceu as duas irmãs a escreverem um romance também, apresentou os três volumes a vários editores e no final, quando conseguiu o sim de um deles, recebeu-o com a irónica condição do destino: que o seu romance, The Professor, ficasse de fora. Mas a decepção durou pouco: Jane Eyre viria depois e traria mais alegrias do que as outras duas irmãs Brontë puderam alguma vez experimentar.

Wuthering Heights só recebeu sua primeira resenha positiva após a morte de Emily, três anos depois da publicação, por Sidney Dobell.

“É a obra prima de um poeta (…) de tanta riqueza e economia, de aparente facilidade, de uma arte tão instintiva”.

Recebeu comentários ofensivos e ridicularizadores até então.

“ De uma inexpressividade dolorosa” (Atlas Review).

“Como um escritor de ficção, este autor precisa aprender os primeiros princípios da arte (…), é tão prematuro, tão grotesco, tão completamente escasso de arte, que nos choca como tudo o que vem de uma mente de tão limitada experiência” (The Britannia).

“A acção passa-se no inferno, só que os lugares e as pessoas têm nomes ingleses” (Dante Gabriel Rosetti).

Anos mais tarde a irmã Charlotte defende-a:

“Ela não teve a chance de ler Jane Austen ou Dickens”. A maioria do que lia eram novelas de suspense e terror de revistas da época.

Para conseguirmos perceber a vida de Emily Brontë, nada é tão precioso quanto a presença de Charlotte Brontë.

Charlotte Brontë - foto de http://www.topfoto.co.uk/

Se, por exemplo, formos em busca de cartas, somente três de Emily foram preservadas – pouquíssimo em comparação com as setecentas cartas de Charlotte que ficaram para a História.
O facto é que foi esse carácter de “narradora” de Charlotte, e a valorização que ela deu desde início aos poemas das irmãs (e não aos do irmão, que já tinha alguns publicados em revistas, muito superiores aos de Anne e aos da própria Charlotte inclusive), que foi capaz de nos dar um vislumbre do que acontecia naquela casa em Haworth no séc. XIX.


Haworth foto de http://www.topfoto.co.uk/

Na época em que escreveu seu primeiro romance, Emily vivia numa casa onde todos padeciam de intensas desilusões amorosas, excepto ela (até onde se sabe). Anne amava um rapaz que já tinha morrido; Charlotte um homem que era casado com outra mulher.
Aquele terreno era novo, marcado por uma experiência que sua humanidade ainda não tinha explorado.

A que mais lhe tocou foi, no entanto, a do irmão Branwell apaixonado por uma mulher casada, que se somava ao fracasso de uma vida desgarrada, voltada também para o álcool e algumas drogas. Emily amava-o; acordava de madrugada para carregar o próprio irmão bêbado até a cama; um dia apagou um incêndio provocado por ele no quarto. “Não contem ao pai”, pediu às irmãs.

O pai chegava a dormir na cama com o filho já adulto temendo que este se suicidasse. Charlotte e Anne viam-no como um arruaceiro, um desestabilizador inconsequente, e por não terem quase nenhuma ligação com ele, não conseguiram absorver a imensa fonte de inspiração que a irmã do meio encontrou nele.

Emily Brontë - foto de http://www.topfoto.co.uk/

Emily não teria como saber como se comporta o coração de um homem quando vilmente iludido e descartado, mas com a existência de Branwell extraiu inspiração para as expressões, as inclinações e os despreparos de Heathcliff e Hindley Earnshaw.

Foi na visão do irmão aniquilado por um sentimento que Emily achou que o amor que dura é o amor contrariado. Talvez por isso Wuthering Heights concentre o maior índice de ódio por centímetro quadrado da literatura. Lá estava Branwell: semanas sem dormir e sem comer, praguejando contra uma existência, desolado. Nunca conseguiu ser o homem que desejava. Aqui encontra-se a chave com a qual Emily abriu as portas de Wuthering Heights.
Numa viagem que fez a Liverpool em Agosto de 1845,  Branwell relatou à irmã que a cidade estava cheia de imigrantes irlandeses morrendo de fome pelas ruas.
Muitos órfãos também. Diante dessa voz e dessa visão ela encontra Heathcliff a criança, e assim nasce a trama. Wuthering Heights foi escrito no Outono e no Inverno desse mesmo ano.
Além da influência humana, os poemas de Byron e a sua biografia deixaram Emily perplexa na adolescência. Ao descobrir que durante as visitas diárias do poeta a Mary Chaworth, mulher por quem estava apaixonado na juventude, Byron ouviu uma vez ela comentar com a empregada: “achas que eu me preocupo com o rapaz coxo?!”.

Byron tinha realmente um problema nas pernas, e ouvir isto atingiu-o como uma humilhação destruidora. Esta frase não só destruiu Byron como impressionou Emily, e foi repercutir-se muitos anos depois, na cena em que Catherine Earnshaw revela seu amor e a sua repulsa por Heathcliff á empregada, sem saber que ele estava a ouvir.
Na sua infância e adolescência, Emily era fascinada por exploradores do Pólo Norte, tempestades de raios e pelas charnecas (terrenos de vegetação baixa e raras árvores pelos quais Emily foi apaixonada a vida inteira). Também amava a natureza como seu pai, e ouvia encantada as histórias que ele contava sobre homens e mulheres que se afastaram da sociedade e foram viver isolados em casas nos confins da Inglaterra.

Também se afeiçoou à ideia de Lúcifer, ao descobrir que um dia o demónio já foi uma criatura boa – e essa concepção não vai moldar só Heathcliff como todos os heróis sombrios que ela produziu em segredo antes de Wuthering Heights (o universo mágico chamado Gondal, onde ela exercitou grande parte de sua produção poética).

A formação de Emily foi em poesia. Uma poesia rimada, estruturada, cabível na época. E de repente em Wuthering Heights acontece o salto:
- um texto sem digressões, bem construído. Isto só é possível encontrar em vários excertos que comprovam que não estamos perante uma grande contadora de histórias, capaz de criar literatura de primeira com ricos ornamentos poéticos.
Charlotte recebeu duas propostas de casamento, e rejeitou as duas. Emily e Anne, nenhuma.
A necessidade de ser sozinha, de comunicar com o não-visto, de se vestir com modas desactualizadas, de desenhar de tocar piano eram adereços da aversão de Emily ao convívio social.
A certa altura, era Emily quem cozinhava em casa, mas sempre com um livro à mão – e não era um livro de culinária.
Chegou a preparar um segundo romance, mas destruiu-o antes de morrer. Morreu três meses depois, com uma grave inflamação no pulmão – negou tratamento médico. Sabia que eles não tinham a capacidade de curá-la como não foram capazes de dar saúde digna à irmã mais nova, Anne, que passou a vida inteira num corpo debilitado.

Negou a amizade da família, isolou-se em si. Ficava muda, esperando a doença agravar-se. Quando percebeu o avanço, a fim de evitar o sofrimento físico, mas não a morte, permitiu que as irmãs chamassem o médico.
Morreu antes que ele chegasse. Keeper, o seu cão, com quem passeava pelas charnecas, ficou deitado á porta do seu quarto durante semanas. A sua irmã, Anne, morreria cinco meses depois, com vinte e oito anos de idade.

Depois de perder a mãe com poucos meses de vida, ganhar pouco fascínio pelas coisas que existem, ver que literatura (elogiada ou ridicularizada) não tem força para dar sentido a uma existência, a saúde frágil da irmã mais nova, a incapacidade da medicina e, principalmente, de ver o irmão morrer sem qualquer consideração de quem amava, Emily Brontë aproveita a primeira possibilidade de partir e deixa-nos com Wuthering Heights, um maravilhoso filho único “sujo, roto, de cabelos pretos, já crescido o bastante para andar e falar” por ela.

Esta sua obra espelha toda uma vida que teve tanto de horror como de belo e que inspirou uma mulher como ela a ser diferente das mulheres desta época e a ter a coragem de o dizer com este livro. Emily Brontë conseguiu com esta obra fazer um retrato tão perturbantemente fidedigno da alma humana.


O Monte dos Vendavais


fotos de www.topfoto.co.uk 

Romance de Emily Brontë, cujo título original é Wuthering Heights, publicado em 1847, é uma referência da literatura inglesa.

A história desenrola-se nas charnecas bucólicas de Yorkshire, em Inglaterra, no período pré-vitoriano, e é narrada (através de analepses) por Mrs. Nelly Dean, a governanta da família Earnshaw, e Lockwood, um cavalheiro que está de passagem por aquela região.



Mr. Earnshaw, após uma viagem a Liverpool, leva para a sua propriedade, o Monte dos Vendavais (assim conhecida devido aos fortes ventos que se faziam sentir naquelas charnecas), um rapaz órfão, Heathcliff, que educa como se fosse seu filho.

No início, os dois filhos biológicos de Mr. Earnshaw, Hindley e Catherine, detestam Heathcliff; todavia, à medida que o tempo passa, este e Catherine tornam-se inseparáveis e apaixonam-se um pelo outro. Mas, Hindley continua a maltratar Heathcliff, e o pai envia o filho para um colégio, mantendo o órfão em casa.

Passados três anos, morre Mr. Earnshaw, e Hindley, herdando a propriedade, regressa a casa, já casado com a jovem Frances. Decide então vingar-se de Heathcliff, tratando-o como um vulgar empregado da casa e obrigando-o a trabalhar nos campos.

Mais tarde, morre Frances ao dar à luz Hareton; Hindley torna-se bêbado e cada vez mais cruel para com Heathcliff. Num esforço de ascensão social, Catherine, o grande amor da vida de Heathcliff, casa com Edgar Linton da Herdade Trushcross, vizinha do Monte dos Vendavais. Heathcliff abandona a casa onde fora acolhido.
Heathcliff regressa rico e decide vingar-se de todos os que com ele foram injustos.

Depois da morte de Hindley, herda o Monte dos Vendavais e, com o objectivo de se apoderar também da Herdade Thrushcross, casa-se, por interesse, com Isabella Linton, que passa a tratar cruelmente.
Catherine vem a falecer após o nascimento da filha, a quem pôs o seu nome, facto que desespera Heathcliff que pede à alma da sua amada que o atormente e persiga para não ficar sozinho, longe dela.
Pouco tempo depois, a esposa de Heathcliff, sempre infeliz, abandona-o e refugia-se em Londres, onde dá à luz Linton. Este, mais tarde, após o falecimento da mãe, vai viver com o pai, que o trata agressivamente.


 

Linton conhece a jovem Catherine e entre eles estabelece-se uma relação amorosa. Mas a jovem apercebe-se rapidamente de que a aproximação do rapaz é forçada por Heathcliff, com a finalidade de se apoderar da Herdade Thrushcross. Com efeito, Heathcliff consegue que Catherine case com o jovem Linton, que, pouco tempo depois, morre.

Morre também Edgar Linton, pai de Catherine, Heathcliff passa finalmente a deter o controlo das duas propriedades, obriga a nora a trabalhar como criada no Monte dos Vendavais. Aluga a Herdade Thrushcross a Lockwood, o cavalheiro que visitava a região, narrador das histórias daquela grande família.

Mais tarde, Heathcliff, completamente louco e obcecado pela memória de Catherine, persegue o fantasma da sua amada, e, numa noite, ao vaguear pela charneca, morre.

A viúva Catherine, apaixona-se por Harenton, filho de Hidley e France, e casam. Ficam os proprietários do Monte dos Vendavais e da Herdade Thrushcross.

Depois do que ouviu à governanta, o narrador sente vontade de visitar os túmulos de Catherine e Heathcliff.

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Adaptação ao cinema de William Wyler (1939)


O romance apresenta não só romantismo poético, como também realismo violento e perturbador.
Possui uma estrutura complexa e as suas personagens revelam um carácter profundo e forte.



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Adaptação ao cinema de William Wyler (1939)

A obra foi adaptada para cinema várias vezes, com título homónimo, destacando-se o filme de William Wyler (1939) e o de Peter Kosminsky (1992); este tem as interpretações de Juliette Binoche e Ralph Fiennes.

fotos de www.topfoto.co.uk Adaptação ao cinema de Peter Kosminsky (1992)

Chapter 9 ("I am Heathcliff!")

“(…)My love for Linton is like the foliage in the woods: time will change it, I'm well aware, as winter changes the trees. My love for Heathcliff resembles the eternal rocks beneath: a source of little visible delight, but necessary.”


Mais um livro da minha vida! Boas leituras. Até breve Tágide




 
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23 de junho de 2010

"The Wanderer above the Mists" de Caspar David Friedrich 1774-1840



The wanderer above the sea of fog

O peregrino sobre o mar de brumas (Der Wanderer über dem Nebelmeer) - Kunsthalle, Hamburg - 1818


The Wanderer above the Mists
de Caspar David Friedrich
1817-1818
Kunsthalle, Hamburg, Germany
29.13 inch x 37.01 inch
Portrait

Caspar David Friedrich foi um dos melhores pintores do Romantismo do Século 19.
As suas belas paisagens não são apenas uma observação meticulosa da natureza, representam também alegorias. Friedrich nasceu em 5 de Setembro de 1774 em Greifswald e estudou na Academia de Copenhague. Em 1798, instalou-se em Dresden, tornou-se membro de um círculo artístico e literário, imbuído dos ideais do movimento romântico.

Os seus primeiros desenhos, delineados com lápis ou com sépia, exploravam motivos recorrentes no seu trabalho: praias rochosas, planícies áridas, cadeias infinitas de montanhas e árvores agigantando-se em direcção ao céu. Mais tarde, seu trabalho passou a reflectir uma resposta emocional ao cenário real e visível.

Friedrich começou a pintar óleos em 1807. Uma de suas primeiras telas, A cruz nas montanhas, é bem representativa do amadurecimento de seu estilo. Nela, há um ousado rompimento com a pintura religiosa tradicional e um destaque especial para a paisagem. Como escreveu o próprio pintor, todos os elementos da composição tem um significado simbólico.

As cores frias mas ácidas de Friedrich, com brilhante luminosidade, e a variedade de contornos, aumentam o sentimento de melancolia, de isolamento, trazendo uma sensação de impotência humana diante das forças da natureza expressas nas suas pinturas.

Como membro efectivo da Academia de Dresden, Friedrich acabou por influenciar muitos pintores românticos alemães que vieram após ele. Ainda que sua projecção tenha diminuído após a morte, é certo que os observadores do Século 20 permanecem fascinados com sua imaginação.

Na obra German Romantic Painting, William Vaughan sugere que a melancolia patente na arte de Friedrich deva ser analisada à luz do Zeitgeist e não apenas retirada da leitura da sua personalidade nostálgica: na época, “(…) a melancolia estava em voga”. Apesar da verdade que encerra tal referência, Friedrich conseguiu na sua arte uma consumada união entre “real” e “ideal”, marca indelével de uma poesia filosófica que Herder e Goethe consolidariam como posição dominante no romantismo alemão.

Microsoft® Encarta® Reference Library 2003.

Tradução livre (Tágide)


The Sea of Ice 1824
Caspar David Friedrich
Kunsthalle, Hamburg, Germany
1824
49.61 inch x 37.80 inch
Landscape



Monastery Graveyard In The Snow

Painted by: Caspar David Friedrich
Orientation: Landscape



The Tree of Crows
Caspar David Friedrich
Musée Du Louvre, Paris, France
1822
28.74 inch x 23.23 inch
Landscape


Hoje foi com este espirito de "wanderer" que vos quis deixar! Até breve Tágide!


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19 de junho de 2010

Até sempre José Saramago!



1922 — 2010

" 18 de Junho de 2010 - O dia em que o ponto final se lembrou de José Saramago" in Jornal I

Disse muitas vezes que gostaria de ser recordado como "o escritor que criou a personagem do cão das lágrimas" no "Ensaio sobre a Cegueira".

Disse também um dia:

"Se eu tivesse morrido antes de conhecer Pilar teria morrido muito mais velho. Aos 63 anos a minha segunda vida começou!"

A maioria dos relógios em sua casa estavam parados nas 16.00h hora em que conheceu Pilar!

Controverso, singular, foi e será sempre recordado pela sua obra e pela sua personalidade.

Até sempre José Saramago!


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13 de junho de 2010

Possession: A Romance by A. S. Byatt


Foto de motivatedphotos.com

Há anos, quando encontrei Possession de A.S. Byatt, na livraria Buchholz em Lisboa, senti-me uma privilegiada. A leitura era difícil (mais de 600 densas páginas cheias de informação sobre o Romantismo literário inglês do século XIX), mas o esforço foi compensado pelo brilho de tal leitura. Em breve, Possession - digo-o sem hesitações - tornava-se um dos livros da minha vida.

Distinguido em 1990 com o Booker Prize, este romance decorre paralelamente em duas épocas e conta duas histórias de amor - a dos poetas oitocentistas Randolph Henry Ash e Christabell La Motte e a de dois jovens universitários que, no final do século XX, são surpreendidos pela pujança de tal ligação (adulterina) em plena época vitoriana. Ao mesmo tempo, descobrem que, também para eles, filhos da revolução sexual, há espartilhos e contingências nascidos, não tanto das conveniências sociais, mas do medo da dor e da perda.

A extrema beleza do romance de A.S.Byatt assenta, pois, em dois grandes pilares: a análise dos sentimentos dos protagonistas e dos lugares de vulnerabilidade a que estes os conduzem, por um lado, e o rigor de linguagem com que reconstitui o universo mental e cultural dos românticos, através de duas figuras fictícias mas que a autora torna dignos pares de autores britânicos e irlandeses de meados do século XIX como William Butler Yeats, o casal Browning ou Thomas Hardy.

Correspondência entre Randolph Henry Ash e Christabel LaMotte:

De Randolph Henry Ash para Christabel LaMotte:

I remember your face turned aside a little-but decisive-I remember your speaking with such feeling-of the Life of Language-do you remember that phrase? I began so ordinary-polite-you said-you hoped to write a long poem on the subject of Melusina-and your eye partly defied me to find fault with this project-as though I could or would-and I asked-was the poem to be in Spenserian stanzas or blank verse or in some other metre-and suddenly you spoke-of the power of the verse and the Life of Language-and quite forgot to look shy or apologetic, but looked, forgive me, magnificent-it is a moment I shall not easily forget…

C. LaMotte para R. H. Ash:

You understood my very phrase-the Life of Language. (…) words have been all my life, all my life-this need is like the Spider’s need who carries before her a huge Burden of silk which she must spin out-the silk is her life, her home, her safety-her food and drink too-and if it is design anew-you will say she is patient-so she is-she may also be savage-it is her nature…

R. H. Ash para C. LaMotte:

I have dreamed nightly of your face and walked the streets of my daily life with the rhythms of your writing singing in my silent brain. I have called you my Muse, and so you are, or might be, a messenger from some urgent place of the spirit where essential poetry sings and sings. I could call you, with even greater truth-my Love- there, it is said-for I most certainly love you in all ways possible to man and most fiercely. It is a love for which there is no place in this world-a love my diminished reason tells me can and will do neither of us any good, a love I tried to hide cunningly from, to protect you from, with all the ingenuity at my command.


A minha visão deste romance:

The Beguiling of Merlin, Edward Burne-Jones

O romance em si, Possession, narra com uma tal vivacidade de detalhe a relação amorosa entre dois poetas, C. LaMotte e R. H. Ash, que o tempo contemporâneo parece, em comparação, vazio e desprovido de sentido. Maud e Roland, dois académicos que descobrem a verdade do caso amoroso, são eles próprios obscuros, desinteressantes, cheios de dúvidas e inseguranças. E é quando Byatt evoca o mundo vitoriano, por vezes cruel, que o romance adquire cores vibrantes. O amor desse tempo contrasta com o tempo presente, o nosso tempo, que desconfia do amor, mas no qual prolifera a linguagem sexual. Sobre Roland e Maud, a autora escreve:

"They were children of a time and culture that mistrusted love, “in love”, romantic love, romance in toto, and which nevertheless in revenge proliferated sexual language, linguistic sexuality, analysis, dissection, deconstruction, exposure."

E apenas uma académica como a própria Byatt poderia fazer pouco das instituições académicas e do sistema de dissecação e apropriação das vidas de antigos poetas, muitas vezes interpretadas à luz de teorias literárias contemporâneas inapropriadas. É delicioso ler os ensaios académicos petulantes e ridículos que se escrevem sobre Ash ou LaMotte, totalmente irrelevantes. Faz-nos pensar acerca da utilidade da teoria e crítica académica literária, que muitas vezes se assemelha a um bisturi a dissecar camadas de significados que não existem.

Não deixam de existir muitas referências artísticas subtis. Christabel é o modelo feminino para a pintura da sua amiga Blanche sobre o encantamento de Vivienne e Merlin (ver quadro acima de Burne-Jones,The Beguiling of Merlin, que serve de capa ao livro). E de facto, essa história do feiticeiro é a que melhor expressa o encantamento de LaMotte (ela própria, Melusina, a mulher meio-serpente) tecido em volta de Ash, cativo das suas palavras poéticas.

O que sinceramente me deu prazer em ler foi a descoberta gradual da relação entre Ash e LaMotte através das cartas e poemas. Se por um lado, Byatt ridiculariza e destrói o academismo moderno e fechado, por outro, ela revela a verdadeira profissão do estudioso literário na forma como Maud e Roland descobrem as pistas deixadas nos poemas, cartas e textos da época.

E nos capítulos em que a narração assume a primeira pessoa, do ponto de vista de Ash ou da sua esposa, Ellen, conseguimos ver todo o talento de Byatt em evocar esse mundo perdido, para sempre fascinante, feito de honra e cavalheirismo, de sacrifício e devoção, de paixão e talento, de palavras, tantas palavras, que ficam por dizer.

Sinopse em Inglês:

"(...) Possession begins when Roland, a scholar of the fictitious Victorian poet Randolph Henry Ash, discovers a letter Ash wrote to Christabel LaMotte, one of the era's first feminist writers. Roland's sleuthing for more information regarding a possible link between the two poets leads him to Maud Bailey, a somewhat haughty and distanced LaMotte scholar. The two embark on a quest together, determined to uncover the truth and find out the extent of the Ash-LaMotte relationship, which could radically alter their lives' work and scholarship. Their journey takes them to the English countryside and France as they unearth old letters and journals that weave the story of this previously unknown romance.

A simple plot summary does not even begin to do justice to this multi-layered novel. Byatt's narrator presents the parallel stories of the present-day scholars and their Victorian subjects through a variety of literary forms, including poetry, letters, diary entries and fairy tales. This postmodern romance also tackles some interesting themes, such as the nature of literary biography and scholarship in light of our incomplete access to the full truth about the stories of authors' lives. Yet for all its intellectualism and wealth of literary allusions, the narrative of Possession seldom lags, and you will soon find yourself wrapped up in the mystery surrounding Ash and LaMotte, which increasingly consumes Maud and Roland. Possession won the 1990 Booker Prize (...)".
Reviewed by Renée Bosman, Government Information Librarian

Edição em português do romance - Editora Sextante:


O que Byatt diz do seu romance:


"(...) 'I write novels because I am passionately interested in language. Novels are works of art which are made out of language, and are made in solitude by one person and read in solitude by one person - by many different, single people, it is to be hoped. So I am also interested in what goes on in the minds of readers, and writers, and characters and narrators in books. I like to write about people who think, to whom thinking is as important and exciting (and painful) as sex or eating. This doesn't mean I want my books to be cerebral or simply battles of ideas.

I love formal patterning in novels - I like to discover and make connections between all sorts of different people, things, ways of looking, points in time and space. But I also like the idea that novels can be, as James said, 'loose baggy monsters', a generous form that can take account of almost anything. Temperamentally, and morally, I like novels with large numbers of people and centres of consciousness, not novels that adopt a narrow single point-of-view, author's or character's.

I don't like novels that preach or proselytise. (I fear people with very violent beliefs, though I admire people with thought-out principles.) The novel is an agnostic form - it explores and describes; the novelist and the reader learn more about the world along the length of the book.(...)"


Biografia de A.S. Byatt:

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"Dame A(ntonia) S(usan) Byatt was born on 24 August 1936 in Yorkshire. She was educated at a Quaker school in York and at Newnham College, Cambridge, Bryn Mawr College, Pennsylvania, and Somerville College, Oxford, where she studied as a postgraduate. She taught in the Extra-Mural Department of London University and the Central School of Art and Design, and in 1972 became full-time Lecturer in English and American Literature at University College, London (Senior Lecturer, 1981). She left in 1983 to concentrate on writing full-time. She has travelled widely overseas to lecture and talk about her work, often with the British Council, and was Chairman of the Society of Authors between 1986 and 1988. She was a member of the Literature Advisory Panel for the British Council between 1990 and 1998. She has served on the judging panels for a number of literary prizes, including the Booker Prize for Fiction, and is recognised as a distinguished critic, contributing regularly to journals and newspapers including the Times Literary Supplement, The Independent and the Sunday Times, as well as to BBC radio and television programmes. She was also a member of the Kingman Commitee on the Teaching of English Language (1987-8).

A. S. Byatt's first novel, Shadow of a Sun, the story of a young girl growing up in the shadow of a dominant father, was published in 1964 and was followed by The Game (1967), a study of the relationship between two sisters. The Virgin in the Garden (1978) is the first book in a quartet about the members of a Yorkshire family. The story continues in Still Life (1985), which won the PEN/Macmillan Silver Pen Award, and Babel Tower (1996). The fourth (and final) novel in the quartet is A Whistling Woman (2002).

Her most successful book, Possession: A Romance (1990), won the Booker Prize for Fiction and the Irish Times International Fiction Prize, and continues to enjoy enormous critical and popular success. Part romance, part literary thriller, the story involves two contemporary academics, Roland Michell and Maud Bailey, whose research into the lives of two Victorian poets, Randolph Henry Ash and Christabel LaMotte, reveal inextricably linked destinies, like those of their researchers. Angels & Insects (1992) consists of two novellas, The Conjugal Angel, an exploration of Victorian attitudes toward death and mourning, and Morpho Eugenia, the story of a young Victorian explorer and naturalist, William Adamson, and his relationship with the daughter of his employer, adapted as a film in 1996. Her novel The Biographer's Tale was published in 2000.

A. S. Byatt's collections of short stories and fictions include Sugar and Other Stories (1987); The Matisse Stories (1993), three stories each with a connection to a particular Matisse painting; The Djinn in the Nightingale's Eye (1994), a collection of fairy tales; Elementals: Stories of Fire and Ice (1998); and Little Black Book of Short Stories (2003).

Her published criticism includes two books about Iris Murdoch: Degrees of Freedom: The Early Novels of Iris Murdoch (1965) and Iris Murdoch: A Critical Study (1976), as well as Wordsworth and Coleridge in Their Time (1970). In A. S. Byatt's last book, Portraits in Fiction (2001), she writes about instances of painting in novels, with examples from work by Zola, Proust and Iris Murdoch, a subject she first explored in a lecture given at London's National Portrait Gallery in 2000. She was awarded a CBE in 1990 and a DBE in 1999, and in 2002 was awarded the Shakespeare Prize by the Alfred Toepfer Foundation, Hamburg, in recognition of her contribution to British culture."
Her latest book, The Children's Book (2009), was shortlisted for the 2009 Man Booker Prize for Fiction."

By Cora Lindsay, 2001 http://www.contemporarywriters.com


Adaptação do romance Possession ao Cinema :


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Realizador: Neil LaBute
Intérpretes: Gwyneth Paltrow, Aaron Eckhart, Jeremy Northam, Jennifer Ehle, Lena Headey, Holly Aird, Toby Stephens
EUA, 2002

"(...) Este filme de Neil LaBute pode ser resumido como uma ilustração exemplar dessa aritmética das ambivalências sexuais e humanas. E isto porque estamos perante histórias de dois pares ligados pela imponderabilidade do tempo: de um lado, Randolph Henry Ash (Jeremy Northam) e Christabel LaMotte (Jennifer Ehle), dois escritores vitorianos envolvidos numa paixão secreta; do outro, Maud Bailey (Gwyneth Paltrow) e Roland Michell (Aaron Eckhart), dois investigadores universitários contemporâneos que seguem a pista de algumas cartas perdidas, trocadas entre Ash e Christabel — como é óbvio, e o título sugere, Maud e Roland vão ficar possuídos pela intriga que investigam, a ponto de descobrirem que algo na sua existência é o eco insolúvel desse passado tão estranhamente presente.
Digamos que este é, no mínimo, um filme desconcertante. Porquê? Porque não se esperaria de um cineasta americano, associado a narrativas urbanas de um certo «cinema independente» americano — lembremos «Betty» (2000), estreado entre nós, mas também «Your Friends & Neighbors» (1998) e «In the Company of Men» (1997) —, este mergulho numa certa intimidade very british, para mais consumado com uma subtileza e elegância que fazem de «Possessão» um dos mais transparentes, e também mais inclassificáveis, filmes de 2002.

LaBute consegue, afinal, formular a hipótese de um romantismo moderno, consciente do seu próprio «anacronismo» formal, e também alheio a qualquer facilidade nostálgica. Nesta perspectiva, «Possessão» é um filme de um esplendoroso intimismo, por assim dizer alheado de qualquer derivação nevrótica, antes em paz com a sua inevitável pulsão de angústia. Uma verdadeira pedra preciosa.(...)".
critica de João Lopes em http://www.cinema2000.pt/

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Possession foi sem dúvida um dos livros da minha vida.

Boas leituras! Tágide




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10 de junho de 2010

Por onde andam os vampiros a que nos habituámos no passado? Os que mordem mesmo!


Bela Lugosi 1882 - 1956
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O vampiro é, na minha opinião, uma das personagens mais fantásticas e sedutoras da literatura e do cinema, existindo inúmeras versões de "vampiros" e do seu mito. Apesar, desta personagem literária já advir do século dezanove, só na actualidade ganhou este mediatismo incalculável e um pouco estranho! Passo a explicar: 

Os vampiros viraram moda, que o diga Stephenie Meyer, autora de 4 dos livros mais lidos dos últimos tempos, inclusive em Portugal. Mas parece que a autora ainda não se cansou de escrever sobre vampiros e depois de “Crepúsculo”, “Lua Nova”, “Eclispe”, e “Amanhacer” a autora resolveu lançar mais um sobre o mesmo tema, o seu título, ainda não traduzido é, “The Short Second Life Of Bree Tanner: An Eclipse Novella”.

                
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Desconfio que os fãs portugueses desta saga vão encher as livrarias mal este livro esteja disponível para venda em Portugal. O lançamento mundial está previsto para 5 de Junho, uns dias antes de ser lançado o novo filme baseado no livro “Eclipse”.

Mas voltando um pouco atrás:

As histórias sobre vampiros são bastante antigas, aparecendo na mitologia de várias regiões, sendo os casos mais mediáticos a Europa e o Médio Oriente. Segundo a lenda, o vampiro é um ente mitológico que se alimenta de sangue humano para sobreviver, não podendo enfrentar a luz do sol. Para além disso, dormem em caixões enquanto existe luz e atacam à noite, sendo que as formas de combatê-los são o uso de objectos sagrados, alhos e água benta.
Esta criatura veio a ser adoptada na literatura com estas características, mas se confrontarmos estas informações com o trabalho realizado por Stephenie Meyer, é fácil perceber que pouco ou nada se mantém a lenda original…
Na série Twilight, encontramos vampiros adolescentes com vidas extremamente ocupadas, lutando por manter em segredo a sua vida paralela. Como se isso não bastasse, estes seres quando estão em confronto com o sol brilham, como se algo de divino tivessem… A mesma divindade que supostamente os deveria matar!
Para estes vampiros, a morte só acontece quando são esquartejados e em seguida queimados.
Contudo, a aceitação foi incrível e existem milhões de seguidores desta série, principalmente o público adolescente do sexo feminino, isso acontece muito provavelmente pela utilização de uma reencarnação do amor vivido entre Romeu e Julieta, um amor impossível. Esta seria uma interpretação positiva.

Não está em causa aqui a qualidade literária da escritora, mas sim a forma como ela reutilizou uma lenda com séculos de história. Apesar dos resultados dessa mudança estarem aos olhos de todos com um lucro astronómico, tenho grandes dúvidas se esta não será mais uma moda que daqui a alguns anos, vai encontrar-se gasta e esquecida por todos. É o preço de uma sociedade que se encontra na era das modas e que segue as tendências sem muito espírito crítico.

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Na minha opinião de "purista" podem chamar-me assim!! John Polidori e Bram Stoker, dois dos autores vanguardistas deste mito na literatura, andam com certeza às voltas nos seus respectivos caixões.
para mim ou é ou não é vampiro! ou morde ou não morde! Este ah!. não mordo coitadinha! se a morder fica como eu! não é nada comparado com o enorme poder de sedução de um vampiro à moda antiga!!
Os caixões, por exemplo,  objectos esses com enorme simbologia neste mito, nem dispõem  menção nos livros de Meyer. Na actualidade, observamos um vampiro desfigurado, completamente afastado da criatura maligna mas sedutora, que foi outrora.

Onde andam os vampiros a que nos habituámos no passado? Onde estão os verdadeiros heróis malvados, que mordem pescoços sem piedade e se alimentam dos seres humanos para sobreviver?


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Agora até sangue em garrafas existe, no universo das séries também parte desta moda, True Blood e Lua Vermelha. Agora todos os vampiros são bonzinhos e ‘humanizados’, já não existe a malvadez que gostávamos de ver neles nos grandes filmes de terror do antigamente. Agora, os vampiros são bonitos, simpáticos, queridos e amorosos. É uma nova concepção de vampiro, que perde o misticismo de antes mas agarra o público através da humanização dos seus protagonistas. E as histórias inspiradas nesta nova faceta dos vampiros têm-se tornado sucessos sem precedentes. Quem diria que o mundo vampiresco se tornaria tão comercial? Mas confesso que não gosto! é a minha opinião! muito honestamente.

Acho que o problema aqui é que, para que os livros de vampiros sejam do agrado do maior número de pessoas possível, todas as características passiveis de afastar leitores facilmente impressionáveis são exorcisadas das obras como se fossem demónio em dia santo.
O resultado - independentemente da qualidade da escrita - são romances onde o facto de algumas das personagens serem vampiras é meramente acidental.

Para Rui Zink, professor de literatura e também ele com uma incursão literária recente neste mundo (participou em "Contos de Vampiros", da Porto Editora), lembra o que esta figura sempre representou: "É o morto-vivo, dividido entre um mundo e outro sem pertencer a nenhum", simultaneamente sensual e assustador e que nunca deixou de fascinar. O ressuscitar da moda, continua, tem mais a ver com a saturação de outros filões. "Depois de anos de bruxas e mágicos (Harry Potter), o mercado estava à procura de algo 'novo' - isto é, algo velho mas com roupagens novas, que pudesse apanhar a curva descendente daquele interesse."  (in Jornal Expresso). Mas o que é demais enjoa!

Nos velhos tempos... dos Vampiros à séria:


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O "Drácula de Bram Stocker" tem mais de 100 anos.
Bram Stoker erigiu a este príncipe assassino da Renascença um monumento literário com o seu romance Drácula (1897), que alcançou uma popularidade extraordinária.
Para o escrever, baseou-se num livro de viagens, Land Beyond the Forest (1888), onde Emily de Laszkowska Gerard disserta sobre as superstições romenas e fala muito de Vlad Dracul e da crença em vampiros na Transilvânia. Esta excelente amálgama literária nasceu assim da crença popular em vampiros e de fragmentos da história de Vlad Dracul.

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E assim se confundiram acontecimentos reais com fantasias sobre vampiros e a crença em mortos-vivos.
Ao misturar-se a ideia de espetar uma estaca nos mortos-vivos com os métodos de execução de Dracula, transformou-se o príncipe da Transilvânia no vampiro por excelência.

Adaptação ao Cinema:  

O realizar alemão Friedrich Murnau filmou "Nosferatu" nos anos 20. Coppola repescou a história em 1992, por exemplo.

Mas aqui está uma “Lista de Filmes Clássicos de Vampiros”:

 – Nosferatu (1922, Alemanha), direcção de F. W. Murnau. Filme mudo, a preto e branco. Palavras para quê! Se gosta de filmes sobre vampiros não pode deixar de ver este clássico! Considerado o primeiro filme de vampiros baseado no livro de Bram Stoker (Drácula). Um clássico do expressionismo alemão. Uma raridade!


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 – Drácula (1931, EUA), direção de Tod Browning. Este filme tornou-se um clássico do horror. A famosa história do Conde Drácula da Transilvânia interpretada pelo húngaro Bela Lugosi que, só para vê-lo a ele, compensa assistir a este filme.

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O Vampiro da Noite (1958, Inglaterra), com direcção de Terence Fisher. Um clássico a cores. Pode-se dizer que Christopher Lee é o primeiro actor que dá uma interpretação elegante e sensual a Drácula.
Para quem gosta (além de vampiros) do clássico ar sombrío e frio presente em filmes de terror, esta é uma óptima escolha. Clássico de cult, de terror e de vampiros! Há quem diga que é o melhor filme de Fisher.
Sem sombra de dúvidas: para a coleção!

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Rosas de Sangue (1960, França), direcção de Roger Vadim. Baseia-se no conto de Sheridan Le Fanu e procura explorar o elemento sexual do vampirismo por meio da figura da mulher e do lesbianismo.
O director privilegia os elementos estéticos em detrimento da trama. Há quem diga que Vadim tem uma concepção moderna e requintada de cinema ao privilegiar o belo.


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A Dança dos Vampiros (1967, EUA), direcção de Roman Polanski. Uma das curiosidades desse filme é ter Polanski também como actor. O filme é uma mescla de policial e comédia. Uma formula inovadora para abordar o universo vampiresco.

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- Nosferatu, o Vampiro da Noite (1979, EUA), direcção de Werner Herzog. Remake do clássico de Murnau, também baseado no clássico de Bram Stoker. Para os colecionadores do vampiresco!


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Fome de Viver (1983, EUA), direcção de Tony Scott. O elenco é de peso: Catherine Deneuve, David Bowie e Susan Sarandon. Só para ter uma idéia do que lhe espera. Este é sem dúvida um filme de “cult” de vampiros que mistura suspense e sensualidade. O vampirismo é renovado neste filme. O filme é elegante, ousado e inesquecível.

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Drácula, de Bram Stoker (1992, EUA), direcção de Francis Ford Coppola. Coppola é sensacional.
O filme possui , na minha opinião, também um carácter romântico e volta ao original de Bram Stoker de forma refinada. A fotografia do filme é uma verdadeira obra de arte. Ganhou três Oscars (efeitos sonoros, melhor guarda roupa e melhor maquilhagem) e é nomeado na categoria melhor direcção de arte. O filme compensa por tudo, especialmente pelo elenco: Gary Oldman, Winona Ryder, Anthony Hopkins e Keanu Reeves.

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Entrevista com o Vampiro (1994, EUA), direcção de Neil Jordan. Baseado no livro de Anne Rice (na foto em baixo á direita) que também adaptou o roteiro para as telas. Os actores Brad Pitt, Christian Slater, Tom Cruise e Kirsten Dunst. O filme não possui o requinte artístico de outros clássicos, mas encanta e com certeza pode ser considerado um clássico mais contemporâneo.

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A Sombra do Vampiro (2000, EUA, Luxemburgo), direção de E. Elias Meckige. Uma curiosidade: o actor Nicolas Cage ajudou a produzir este filme. A proposta do filme é a seguinte: mostrar a produção dos bastidores de Nosferatu e criar um filme o mais realista possível. A meu ver, não é tão bom como outros clássicos, mas vale pela atuação de John Malkovich e Willem Dafoe.

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Daybreakers (Janeiro de 2010 EUA) O enredo do filme consiste na disseminação de uma praga, no ano 2019, que transforma a maioria da população humana em vampiros. Com a escassez de sangue humano, as raças de vampiros dominantes capturam os poucos resistentes da raça humana que são caçados e transportados para bancos de sangue. Entretanto, um hematologista (Ethan Hawke) trabalha com um pequeno grupo rebelde, que tenta proteger a todo o custo os restantes humanos (Willem Dafoe, Claudia Karvan) tendo em vista a cura do vampirismo.
Daybreakers foi escrito e realizado pelos irmãos australianos Michael e Peter Spierig.

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Fonte: "Diálogos Com Outros Mundos"

Autores: Dr. Elmar Gruber, Peter Fiebag


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Vou dizer-vos o que eu penso:

Nem sempre têm dentes afiados, não dormem em caixões, podem até ser "vegetarianos" e sair durante o dia...não estes não são os - vampiros - !

Porque é que estes novos vampiros estão na moda?
Talvez, pela mesma razão que tornaram a vir a lume na recta final da era vitoriana, com a publicação de Drácula, ou voltaram a manifestar-se ao longo dos anos 50 e 60 do século XX, na sequência dos filmes da Hammer Horror com Christopher Lee no papel do conde de Bram Stoker,  porque personificam quase todos os conflitos que importam ao entendimento da espécie, incluindo aqueles que opõem o progresso ao obscurantismo, os animais aos homens e, naturalmente, estes a Deus.

Invocados e temidos pelo menos desde a Antiguidade Clássica, os vampiros conseguiram corresponder às ansiedades das mais diferentes épocas – e ainda hoje a obra-prima de Stoker é tida como o segundo livro mais vendido de sempre (a seguir à Bíblia Sagrada, pois), superando marcos da cultura popular e erudita como A Vida e as Opiniões de Tristram Shandy, de Lawrence Sterne, Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Marquez.
E, porém, cada período de fulgor iluminou algumas dessas contradições em particular.

O Drácula de Bram Stoker era verdadeiramente um eterno romântico mas um monstro: aprendera os códigos de sociabilização, mas apenas para se apropriar deles – e, além disso, não só era de uma fealdade prodigiosa, como era um assassino sem quaisquer constrangimentos éticos. Temê-lo era, em boa parte, temer a própria imortalidade. Quem fosse mordido pelo vampiro virava o mesmo que ele: mais do que uma alma danada, um ser sem alma (e sem redenção). E, embora o final do século XIX fosse já uma época de questionamento, não deixava de ser também de profunda religiosidade.

Sigmund Freud e a sua Psicanálise ainda eram apenas um rumor – e o que estava em jogo na dualidade consciente/inconsciente, no duelo entre o sono e a vigília, era a relação do Homem, sugado na sua vontade pelo vício que o vampiro lhe brandia, com o próprio Deus. Havia ali evasão. Mas, se o edifício era modernista, as suas fundações eram góticas. No essencial, a busca era ainda a do Divino, embora por terríficos caminhos. Nada disso se passa com esta nova geração dos vampiros.

Os vampiros que hoje temos usam um tanto dessa fantasia original, outro tanto do manifesto sexual latente nos congéneres dos anos 1950 e 1960 (incluindo a libertação da mulher e a inversão dos géneros, com piscadela de olho à aceitação da homossexualidade) – e depois uma série de tiques próprios deste tempo.
Talvez tenha sido uma sorte, para Stephenie Meyer, ter-se lembrado de escrever “Crepúsculo”. Mas o êxito da saga nesta altura, não foi fortuito.
Hoje, os vampiros estão por todo o lado: na literatura e no cinema, na TV, nos jogos de vídeo e na memorabilia.

E estão em todo o lado por motivos claros:
- porque são agora frescos e belos, fundindo na perfeição a sensualidade e o mito da eterna juventude; porque são sombrios e marginais, personificando ao mesmo tempo o apelo do oculto e a inquietação da inadaptabilidade; e porque, apesar de tudo, se mantêm perigosos, com tudo o que aí há de lúdico e, em simultâneo, de abissal
São as urgências deste tempo: a sensualidade, a inadaptação, a juventude, a vida eterna – e não é de estranhar que muitos dos admiradores do género defendam mesmo que o verdadeiro vampiro foi James Dean (epítome maior desse desassossego) do século XXI.


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Food for thought again...



Vampiros...
Os verdadeiros não brilham...

The End

Até breve Tágide!

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