Walt Whitman (1819 - 1892)

Walt Whitman (1819 - 1892)
(...) What do you see, Walt Whitman? Who are they you salute, and that one after another salute you? (...)

9 de julho de 2010

Sir Arthur Conan Doyle 1859 - 1930 - “Deus está nos pormenores”.


Portrait of Arthur conan doyle by Sidney Paget...

Sir Arthur Ignatius Conan Doyle, (Edimburgo, 22 de Maio de 1859 — Crowborough, 7 de Julho de 1930) foi um escritor e médico britânico, mundialmente famoso por suas 60 histórias sobre o detective Sherlock Holmes, consideradas uma grande inovação no campo da literatura criminal. Foi um escritor versátil cujos trabalhos incluem histórias de ficção científica, novelas históricas, peças e romances, poesias e obras de não-ficção. Arthur Conan Doyle viveu e escreveu parte de suas obras em Southsea, um bairro elegante de Portsmouth.

Primeiros anos

Filho de um pai inglês de descendência irlandesa - Charles Altamont Doyle - e de uma mãe irlandesa - com nome de solteira Mary Foley - que se casaram em 1855.[1] Família rigorosamente católica, herdando da mãe o carácter cavalheiresco, tendo sido ela quem lhe ministrou as primeiras letras.[2]

Embora ele seja hoje conhecido como "Conan Doyle", a origem de seu apelido composto é incerta.
O seu registo de baptismo na Catedral de Santa Maria em Edimburgo afirma que "Arthur Ignatius Conan" é o seu nome cristão, e apenas "Doyle" é o seu apelido. O baptismo também intitula Michael Conan como seu padrinho.[3]

Conan Doyle foi enviado para um colégio jesuíta da vila de Hodder Place, Stonyhurst (em Lancashire) quando tinha nove anos. Matriculou-se em seguida no Colégio Stonyhurst mas, em 1875, quando concluiu o liceu, rejeitava o cristianismo e tornou-se agnóstico; esse questionamento surgiu de sua admiração pelo escritor Thomas Babington Macauley, que se dizia agnóstico e, após ouvir uma palestra onde um padre afirmava que os não-católicos iriam para o inferno, seus questionamentos tornaram-se cada vez mais agudos. Mais tarde outro agnóstico viria a influenciá-lo - Dr. Bryan Charles Waller. Literariamente, foi fortemente marcado por Walter Scott e Edgar Allan Poe, além de Macauley.[2]


Entre 1876 e 1881, estudou medicina na Universidade de Edimburgo, passando também um tempo na cidade de Aston (hoje um distrito de Birmingham) e em Sheffield.[4] Em 1878, por exemplo, trabalhou por três semanas, em regime de troca de casa e comida, como médico aprendiz nos subúrbios de Sheffield, de cuja experiência relatou em carta: "Esta gente de Sheffield prefere ser envenenada por um homem com barba do que ser salva por um homem imberbe".[2]

Enquanto estudava, começou a escrever pequenas histórias; sua primeira obra foi publicada antes de completar os 20 anos, aparecendo no Chambers’s Edinburgh Journal.[5] Ainda estudante teve sua primeira experiência naval, como médico numa baleeira, onde ficou sete meses no Oceano Ártico.[2]

Após a sua formação na universidade, em 1881, serviu como médico de bordo no navio "Mayumba" em viagem à costa Oeste da África mas em outubro daquele ano a embarcação passou por sérias dificuldades no mar e, quando retornou a Liverpool no ano seguinte, Doyle escreve a sua mãe - que o incentivara nesta aventura - dizendo que não mais embarcaria pois "o que ganho é menos do que poderia ganhar com a minha pena ao mesmo tempo, e o clima é atroz."[2]


Emprego e as origens de Sherlock Holmes:

Em 1882, ele juntou-se ao seu antigo colega de classe George Budd para formar uma parceria num consultório médico em Plymouth, mas a relação entre eles foi difícil, e, logo, Conan Doyle passou a fazer suas consultas médicas independentemente. Chegando a Portsmouth em junho daquele ano com menos de £10, ele começou a atender no nº 1 Bush Villas em Elm Grove, Southsea. Os negócios não tiveram muito sucesso; enquanto aguardava por pacientes, ele voltou a escrever suas histórias. A sua primeira obra notável foi - Um Estudo em Vermelho -, publicada no Beeton’s Christmas Annual de 1887, e foi a primeira vez em que Sherlock Holmes apareceu.
Holmes era parcialmente baseado num professor seu da sua época na universidade, Joseph Bell, a quem Conan Doyle escreveu: "É mais do que certo que é ao Senhor a quem eu devo Sherlock Holmes… foi com base no centro de dedução, na interferência e na observação que tantas vezes ouvi que, tentei construir este homem.".
As futuras histórias de Sherlock Holmes foram publicadas na inglesa Strand Magazine. O que é interessante é que, mesmo na distante Samoa, Robert Louis Stevenson foi capaz de reconhecer a forte similaridade entre Joseph Bell e Sherlock Holmes. "Meus parabéns às geniais e interessantes aventuras de Sherlock Holmes… Seria este o meu velho amigo Joe Bell?".
Outros autores ocasionalmente sugerem influências adicionais, como o famoso personagem de Edgar Allan Poe, C. Auguste Dupin.


Casamento e família:

Em 1885, casou-se com Louisa (ou Louise) Hawkins, conhecida como "Touie", que sofria de tuberculose e acabou morrendo no dia 4 de julho de 1906. Em 1907, ele casou-se com Jean Elizabeth Leckie, por quem ele se apaixonou em 1897,e manteve uma relação platônica enquanto sua primeira esposa ainda estava viva, quebrando a lealdade. Jean morreu no dia 27 de junho de 1940 em Londres.

Conan Doyle teve cinco filhos, dois com sua primeira esposa – (1) Mary Louise (28 de Janeiro de 1889 – 12 de Junho de 1976) e (2) Arthur Alleyne Kingsley, conhecido como "Kingsley" (15 de Novembro de 1892 – 28 de Outubro de 1918) – e três com sua segunda esposa – (3) Denis Percy Stewart (17 de Março de 1909 – 9 de Março de 1955), este, em 1936, o segundo marido da princesa georgiana Nina Mdivani (cerca de 1910 – 19 de Fevereiro de 1987; ex-cunhada de Barbara Hutton), (4) Adrian Malcolm (1910 – 1970) e (5) Jean Lena Annette (1912 – 1997).

Morte de Sherlock Holmes:

Em 1890, Conan Doyle começou a estudar em Viena para se especializar em Oftalmologia; mudou-se para Londres em 1891 para começar a exercer como oftalmologista. Conforme diz a sua autobiografia, nenhum paciente entrou pela porta de seu consultório, o que lhe deu mais tempo para escrever. Em Novembro de 1891, ele escreveu á sua mãe: "Acho que vou assassinar Holmes… e dar-lhe um fim de uma vez por todas. Ele priva a minha mente de coisas melhores.". A sua mãe respondeu, "Faz o que achares melhor, mas o público não aceitará essa atitude em silêncio.". Em Dezembro de 1893, ele fez o que pretendia para dedicar mais tempo a obras que ele considerava mais "importantes" – como os seus livros históricos.

Holmes e Moriarty aparentemente mergulharam nas suas mortes nas Cataratas de Reichenbach na história The Final Problem. A manifestação de desagrado do público fez com que o escritor trouxesse o personagem de volta; ele voltou na história A Casa Vazia, com a explicação de que apenas Moriarty havia caído, mas como Holmes tinha outros inimigos perigosos, especialmente o Coronel Sebastian Moran, ele fingiu estar "temporariamente" morto. Assim, Holmes apareceu num total de 56 pequenas histórias e quatro livros, escritos por Conan Doyle (ele apareceu em vários livros e histórias por outros autores).

Envolvimento em campanhas políticas:

Após a guerra bôer, que ocorreu na viragem do século XX na África do Sul, e o escárnio vindo de todo o mundo por causa da conduta do Reino Unido, Conan Doyle escreveu um pequeno panfleto intitulado A Guerra na África do Sul: Causa e Conduta, justificando o papel do Reino Unido na guerra bôer. O panfleto foi traduzido para vários idiomas.

Conan Doyle acreditava que foi por causa deste panfleto que ele foi condecorado com o título de cavaleiro em 1902 e indicado como deputado-tenente de Surrey. Em 1900, escreveu algo maior, um livro, A Grande Guerra Bôer. Nos primeiros anos do século XX, Sir Arthur tentou entrar para o Parlamento como um membro da União Liberal duas vezes, uma em Edimburgo e outra em Hawick Burghs, mas, embora tenha recebido uma quantidade respeitável de votos, não conseguiu ser eleito.

Conan Doyle envolveu-se na campanha pela reforma do Estado Livre do Congo, liderada pelo jornalista E. D. Morel e pelo diplomata Roger Casement. Em 1909, escreveu O Crime do Congo, um grande panfleto no qual ele denunciava os horrores daquele país. Tornou-se um grande amigo de Morel e Casement, e é possível que eles, juntamente como Bertram Fletcher Robinson, tenham servido de inspiração para vários personagens do livro O Mundo Perdido (1912).

Sir Arthur Conan Doyle cortou relações com ambos quando Morel se tornou um dos líderes do movimento pacifista da Primeira Guerra Mundial, e quando Casement foi acusado de traição contra o Reino Unido durante a revolta da Páscoa. Conan Doyle tentou, sem sucesso, salvar Casement da pena de morte, alegando que ele estava louco e não era responsável pelas suas ações.

O Espiritismo:

Após a morte da sua esposa Louisa em 1906 e a morte do seu filho Kingsley, do irmão Innes, e dos seus dois cunhados (um dos quais era E. W. Hornung, criador do personagem literário Raffles), e dos seus dois netos logo após a Primeira Guerra Mundial, Conan Doyle entrou em um profundo estado de depressão.
Encontrou consolação apoiando-se no espiritismo e na sua dita prova científica de vida após a morte.

Kingsley Doyle morreu no dia 28 de Outubro de 1918 com uma pneumonia que contraiu em convalescença, após ter sido seriamente ferido durante a batalha do Somme em 1916. O General Brigadeiro Innes Doyle morreu em fevereiro de 1919, também de pneumonia. Sir Arthur envolveu-se com o espiritismo ao ponto de escrever um livro sobre o assunto, apresentando uma outra personagem o Professor Challenger, A Terra da Neblina.

Na obra "A Chegada das Fadas" (1921), ele demonstra estar aparentemente convencido quanto à veracidade das fotografias das fadas de Cottingley[1] (que foram comprovadas como um boato décadas mais tarde), que ele reproduziu no livro, ao longo das teorias sobre a natureza e a existência de fadas e espíritos. Em A História do Espiritualismo (1926), Conan Doyle aclamou os fenômenos físicos e as materializações espirituais produzidas por Eusápia Paladino e Mina "Margery" Crandon. O seu trabalho sobre o tópico foi um dos motivos pelos quais a sua compilação de pequenas histórias, As Aventuras de Sherlock Holmes, foi proibida na União Soviética em 1929 por suposto ocultismo. A proibição foi retirada mais tarde. O actor russo Vasily Livanov receberia uma Ordem do Império Britânico por sua interpretação de Sherlock Holmes.

fadas de Cottingley - Foto de http://www.motivatedphotos.com/


Por algum tempo, Conan Doyle foi um amigo do mágico Harry Houdini, que se tornaria um grande oponente do movimento espirita na década de 1920 após a morte de sua mãe. Embora Houdini insistisse que os médiuns espiritualistas faziam truques de ilusionismo (e tentava revelar as fraudes por trás desses truques), Conan Doyle já estava convencido de que o próprio Houdini possuía poderes sobrenaturais, um ponto de vista expresso em O Limite do Desconhecido. Aparentemente, Houdini não foi capaz de convencer Conan Doyle de que seus feitos eram simples ilusões, levando a uma amarga e pública quebra de relações entre os dois.

Richard Milner, historiador americano de ciências, apresentou um caso no qual Conan Doyle pode ter sido o responsável pelo boato "do homem de Piltdown" de 1912, criando um fóssil hominídeo falso que enganou o mundo científico por mais de 40 anos. Milner disse que o motivo de Conan Doyle era vingar-se do estabelecimento científico por desbancar uma de suas físicas favoritas, dizendo ainda que O Mundo Perdido continha várias pistas criptografadas que tratavam de seu envolvimento com o boato.

O livro de 1974 escrito por Samuel Rosenberg, Naked is the Best Disguise, propõe-se a explicar como Conan Doyle deixou no meio de seus escritos pistas abertas que se relatam a aspectos ocultos de sua mentalidade.

Morte:

Conan Doyle foi encontrado com as mãos no seu peito nos corredores da Windlesham, a sua casa em Crowborough, East Sussex, no dia 7 de Julho de 1930. Morreu de ataque cardíaco aos 71 anos. A suas últimas palavras foram para a sua esposa: "és maravilhosa.".

Undershaw, a casa que Conan Doyle havia construído nas redondezas de Hindhead, no Sul de Londres, e onde ele viveu por aproximadamente uma década, passou a ser um hotel e restaurante entre 1924 e 2004. A casa foi, então, adquirida por um investidor, e foi mantida vazia desde então enquanto conservacionistas e fãs do autor lutam para preservá-la.

Há uma estátua em honra a Conan Doyle em Crowborough Cross, Crowborough, onde Conan Doyle viveu 23 anos. Também há uma estátua de Sherlock Holmes em Picardy Place, Edimburgo, Escócia, próximo à casa onde Conan Doyle nasceu.

Partidário do espiritismo:

Conan Doyle, no ano de 1887, trava seu primeiro contacto com o espiritismo, iniciando neste mesmo ano, junto ao seu amigo Ball, arquiteto de Portsmouth, sessões mediúnicas que o fizeram rever seus conceitos. Sua obra literária, então, ganha notoriedade, atingindo milhares de leitores. No auge da fama, em 1918, enfrenta todos os cépticos e publica A Nova Revelação, obra em que manifesta sua convicção na explicação espírita para as manifestações paranormais estudadas durante o século XIX, e inicia uma série de outras obras e palestras sobre o tema.

A sua convicção foi além: para receber o título de Par (Peer) do Reino Britânico, foi-lhe imposta a condição de renunciar às suas crenças. Confrontando a todos, e ao sectarismo vigente, permaneceu fiel à fé que abraçara, e que acompanhou até seus últimos dias. Foi Presidente Honorário da International Spiritualist Federation (1925-1930), Presidente da Aliança Espírita de Londres e Presidente do Colégio Britânico de Ciência Espírita.

No conjunto das suas obras, destacam-se os dois volumes de A História do Espiritismo, pormenorizado estudo sobre a história dos movimentos espiritualista anglo-saxônico, francês, alemão e italiano.

Frances e as Fadas, julho de 1917, foto tomada por Elsie. Máquina fotográfica Midg Quarter a 4 pés, 1/50 segundos., dia ensolarado

A Grande Guerra Boer:

Em 9 de Agosto de 1902 Arthur Conan Doyle foi nomeado cavaleiro pela sua importante participação na Guerra Boer. Trabalhou na linha de frente da batalha como cirurgião, e foi elogiado pelos compatriotas pela coragem e determinação na prestação de socorro.

Regressando à Inglaterra escreveu um livro escolar com o título "A Grande Guerra Boer".


Fontes e referências:


1. ↑ Material traduzido de Arthur Conan Doyle. (2006, July 12). Wikipedia, The Free Encyclopedia. 17:43, 12 de Julho, 2006.
1. ↑ Arthur Conan Doyle: A Life in Letters (em inglês). HarperPress, 2007. pp.8-9. ISBN 978-0-00-724759-2
Stashower, Daniel (2000), Penguin Books, Teller of Tales: The Life of Arthur Conan Doyle, pp 20–21. ISBN ISBN 0-8050-5074-4
2. ↑ a b c d e Arthur Conan Doyle. A Nova Revelação: Tradução por Guillon Ribeiro, com biografia do autor por Indalício H. Mendes (em português). 2ª.ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1980.
Para a biografia, Mendes utilizou-se de várias obras como "The Life of Sir Arthur Conan Doyle", de John Dickson Carr; "El Espiritismo - Su historia, sus doctrinas, sus hechos" e A Nova Revelação, do próprio biografado e matérias como "Conan Doyle - O Homem que eu Conheci", por Harvey Metcalfe, apud revista "Estudos Psíquicos", de Lisboa.
3. ↑ Stashower (op. cit. pp. 20-21) diz que o sobrenome originou-se de seu tio-avô Michael Conan, um renomado jornalista, para a composição do sobrenome de Arthur e de sua irmã mais velha, Annette, que formaram o sobrenome composto "Conan Doyle". A mesma fonte destaca que, em 1885, ele descrevia-se na placa de bronze na fachada de sua casa, e também em sua tese de doutorado, como "Arthur Conan Doyle".
4. ↑ Museums Sheffield. Sir Arthur Conan Doyle: Author of the Sherlock Holmes detective novels. Página visitada em 3 de janeiro de 2010.
5. ↑ Stashower (op. cit.) pp 30–31


Principais obras:


Romances com Sherlock Holmes

1887 - A Study in Scarlet (Um Estudo em Vermelho)
1890 - The Sign of the Four (O Signo dos Quatro)
1902 - The Hound of the Baskervilles (O Cão dos Baskervilles)
1915 - The Valley of Fear (O Vale do Medo/O Vale do Terror)

Contos com Sherlock Holmes

1892 - The Adventures of Sherlock Holmes (As Aventuras de Sherlock Holmes)
1894 - The Memoirs of Sherlock Holmes (As Memórias de Sherlock Holmes)
1905 - The Return of Sherlock Holmes (A Regresso de Sherlock Holmes)
1917 - His Last Bow (pt: Os Últimos Casos de Sherlock Holmes / br: O Último Adeus de Sherlock Holmes)
1927 - The Case-Book of Sherlock Holmes (O livro de casos de Sherlock Holmes)
1928 - The Complete Sherlock Holmes Short Stories (Coleção completa de histórias de Sherlock Holmes)

Narrativas com o Professor Challenger

1912 - The Lost World (O Mundo Perdido)
1913 - The Poison Belt (O cinto venenoso)
1926 - The Land of Mist (A terra da neblina)
1927 - The Disintegration Machine (A maquina de desentegração)
1928 - When the World Screamed (Quando o mundo gritou)
1952 - The Professor Challenger Stories (A historias do Professor Challenger)

Ensaios

1902 - The War in South Africa: Its Causes and Conduct
1907 - The Case of Mr. George Edalji
1912 - The Case of Oscar Slater
1920 - Spiritualism and Rationalism
1925 - The Early Christian Church and Modern Spiritualism
1925 - Psychic Experiences

Trabalhos sobre a guerra, o exército e o espiritismo:

1900 - The Great Boer War
1909 - The Crime of the Congo
1909 - Divorce Law Reform: An Esaay
1911 - Why He is Now in Favor of Home Rule
1914 - The German War
1914 - Civilian National Reserve
1914 - The World War Conspiracy
1914 - The German War
1915 - Western Wanderings
1915 - The Look on the War
1916 - An Appreciation of Sir John French
1916 - A Visit to Three Fronts
1916 - The Bristish Campaign in France and Flanders
1917 - Supremacy of the British Soldier
1918 - Life After Death
1918 - The New Revelation: or, What is Spiritualism?
1919 - The Vital Message
1922 - Spiritualism - Some Straight Questions and Direct Answers
1921 - The Wanderings of a Spiritualist
1922 - The Case of Spirit Photography
1922 - The Coming of the Faries
1928 - A World of Warning
1928 - What does Spiritualism actually Teach and Stand for?
1929 - An Open Letter to those of my Generation
1929 - Our African Winter
1930 - The Edge of the Unknown

A adaptação ao cinema de Sherlock Holmes:


“Deus está nos pormenores”. Esta célebre frase de Miguel Ângelo teve o seu sublinhado literário quando Sir Artur Conan Doyle fez publicar na revista Beeton’s Christmas Annual, em Novembro de 1887, o conto A Study in Scarlet (Um estudo em Vermelho) e despoletou uma corrente de romances dum novo género policial em que o protagonista, Sherlock Holmes, resolvia os crimes de contornos mais bizarros e misteriosos graças ao seu fantástico poder de dedução e sobretudo a uma ímpar atenção aos pormenores.

Holmes, um personagem exótico para os padrões vitorianos, possuía uma cultura geral extensa e impressionante. Dominando várias línguas, o conhecimento de todas as culturas suas contemporâneas e a maior parte das desaparecidas, era um virtuoso com o violino e manejava os punhos como um autêntico campeão da modalidade criada havia poucos anos pelo marquês de Queensberry, o Boxe.

Calmo e aparentemente distante, o “detective consultor”, como se autodenominava, tinha como único amigo o Dr. Watson, um médico veterano da guerra do Afeganistão que o acompanhava em todas as suas investigações e que nos romances servia sobretudo como testemunha de todo o processo dedutivo e, se necessário, como set auxiliar de músculos.

Sherlock Holmes aparecia nos livros de Doyle como alguém um patamar acima do comum dos mortais naquilo em que era ímpar, ou seja: investigação, observação, dedução e raciocínio. Assim, a polícia, naquelas páginas um bando de menos-válidos chefiado pelo inspector Lestrade, era apenas um mero e pobre complemento que vinha fechar o ciclo da investigação e prender os criminosos desmascarados pelo famoso detective.

Contudo, o Holmes literário, para além das suas capacidades intelectuais sobre-humanas possuía uma faceta sombria que o afastava de uma existência tranquila. Viciado em cocaína e na sua fria inteligência, arrogante e detentor de um certo snobismo intelectual, este recluso voluntário do nº 221B da Baker Street, embora cavalheiro de educação e trato não apreciava particularmente a companhia dos seus semelhantes e não se lhe conhece qualquer envolvimento romântico ao longo das viciantes inúmeras páginas escritas por Doyle.

Personagem fascinante, saltou rapidamente das páginas dos livros para os palcos de teatro de Londres e, com o advento do cinema, para a tela onde aparece em inúmeros filmes. As adaptações à obra, quer em teatro, quer em cinema, transmitiram ao público uma imagem do detective bem diferente da original criação ( a idiota, mas popular, frase “elementar meu caro Watson” nasceu nos palcos londrinos ).

Houve até hoje criações em cinema e televisão que fizeram jus ao talento do criador literário. As versões que tiveram Basil Rathbone, Peter Cushing, Jeremy Brent, Robert Stephens, Nicol Williamson, agora Robert Downey Jr., como protagonistas são particularmente estimáveis, ao lado de outras ainda interessantes, muito acima de algumas dezenas totalmente irrelevantes.

Basil Rathbone - Foto de http://www.motivatedphotos.com/


                                                                         Peter Cushing - Foto de http://www.motivatedphotos.com/


Peter Cushing - Foto de www.motivatedphotos.com


Foi no pequeno ecrã que em 1984, Jeremy Brett interpreta o dramático Sherlock Holmes, talvez o mais fiel às páginas de Sir Artur Conan Doyle numa série magistral produzida pela Granada Television.
 
 
Jeremy Brett - Foto de http://www.motivatedphotos.com/


Jeremy Brett & Edward Hardwicke as Watson Granada Television photos


Jeremy Brett Granada Television photos


Jeremy Brett Granada Television photos


E depois desta adaptação… perfeita, que mais se poderia fazer?

Guy Ritchie recriou um Holmes diferente. Em Sherlock Holmes, lançado no grande ecrã no princípio de 2010, cento e vinte e três anos depois do primeiro contacto público com o personagem, continuamos a ver as carruagens puxadas por cavalos no pavimento de paralelepípedos grossos das ruas londrinas cobertas de nevoeiro, numa recriação aliás muito bem conseguida daqueles tempos, mas encontramos um Holmes que Doyle teria aprovado se tivesse vivido durante um mês na Londres contemporânea.

O Sherlock contido, de aspecto engomado e porte impecável fica para trás. Guy Ritchie oferece-nos um verdadeiro misfit, um inesperado Holmes ( interpretado por Robert Downey Jr.) que se assume como alguém à margem da sociedade vitoriana, alguém a quem Watson, a dada parte chama... depravado.


O Sherlock Holmes de Guy Ritchie vive a sua diferença de forma brutal e sente-a na pele com uma marginalização efectiva. Os combates de boxe de coreografia meticulosamente planeada por si parecem mera e boçal pancadaria para os espectadores seus contemporâneos. Bebe em público e leva o aspecto blasé, a barba por fazer, o despenteado militante e o descuido na aparência a extremos. Este Holmes, não sendo compreendido na sua diferença (atrás descrita), não é respeitado pelos que o rodeiam.

A componente amorosa, ausente na obra de Doyle, encontra-se presente neste filme no envolvimento do detective com Irene Adler. Esta personagem feminina era alguém a que nos livros Holmes referia como “A Mulher” porque para si ele olhava com a admiração que não tinha por mais ninguém. E isso porque nela reconhecia o brilho que encontrava dentro de si mesmo. Uma sua igual. Assim, o mais natural seria apaixonar-se por esta criatura feminina, e até mesmo fazer figura de parvo, como acontece no filme.

Neste filme encontramos um argumento muito bem elaborado que poderia ter sido retirado de um dos livros, apesar do vilão, Blackwood, possuir contornos demasiado intensos, excessivos para um vilão típico do imaginário de Doyle.

Essa condição de arqui-inimigo declarado e capaz é reservada por Doyle para o Professor Moriarty, que conta com uma presença algo nebulosa neste filme.Watson, um pacato médico de meia-idade nos fólios é aqui interpretado por um Jude Law de aspecto trintão, casadoiro e embeiçado pela beleza da protagonista interpretada por uma Kelly Reilly que vai dar que falar por aí...

Na minha opinião a nota mais que positiva vai para uma banda sonora de violinos (naturalmente) de influência cigana.
Sherlock Holmes, de Guy Ritchie, não sendo genial, é uma obra muito válida porque “continua” Doyle de uma forma despudoradamente simples.

Se os personagens podem de facto evoluir, Ritchie conseguiu fazê-lo com o de Sherlock Holmes.




Boas leituras! e bons filmes! Até breve Tágide.







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1 comentário:

  1. um post tão bom como esse e nenhum comentario, agradeço pela existencia de Conan Doyle, pois sem ele eu nunca iria ler livros facilmente!

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