Este olhar profundo de
Walt Whitman serve de imagem central deste blog porque há muitos anos atrás, quando li pela primeira vez, um dos seus poemas:
"Salut au monde!"
fiquei muito curiosa e nunca mais me esqueci dos versos que aqui transcrevo!
"(...)What do you see Walt Whitman?
Who are they you salute, and that one after another salute you?
I see a great round wonder rolling through space,
I see diminute farms, hamlets, ruins, graveyards, jails, factories,
palaces, hovels, huts of barbarians, tents of nomads upon the surface,
I see the shaded part on one side where the sleepers are sleeping,
and the sunlit part on the other side,
I see the curious rapid change of the light and shade,
I see distant lands, as real and near to the inhabitants of them as
my land is to me.(...)"
Walt Whitman foi um poeta norte-americano, descendente de ingleses e holadenses, nascido em West Hills, Long Island.
Contudo, quando tinha apenas quatro anos, sua família mudou-se para Brooklyn, onde frequentou até aos onze anos uma escola oficial, trabalhando depois como aprendiz numa tipografia.
A obra poética de Whitman centra-se na colectânea
"Leaves of Grass" dado que ao longo da sua vida o escritor se dedicou a rever e completar aquele livro, que teve ao todo oito edições durante a vida do poeta.
Whitman morreu no dia 26 de Março de 1892 e foi sepultado em Camden, New Jersey.
Cinco anos depois foi publicada em Boston a décima edição de Leaves of Grass (1897), a que se juntaram os poemas póstumos "Old Age Echoes".
Nos seus poemas, Walt Whitman elevou a condição do homem moderno, celebrando a natureza humana e a vida em geral em termos pouco convencionais.
Na sua obra
"Leaves of Grass", Whitman exprime em poemas visionários um certo panteísmo e um ideal de unidade cósmica que o Eu representa.
Profundamente identificado com os ideais democráticos da nação americana, Whitman não deixou de celebrar o futuro da América.
Ficou ainda mais conhecido mundialmente a partir das citações inseridas no enredo do filme original "Dead Poets Society".
Fernando Pessoa escreveu um poema de nome "Saudação a Walt Whitman".
Walt Whitman introduziu uma nova subjectividade na concepção poética e fez da sua poesia um hino à vida.
A técnica inovadora dos seus poemas, nos quais traduz a ideia de totalidade no verso livre, que irá influenciar não apenas a literatura americana posterior, mas todo o lirismo moderno, incluindo o poeta e ensaísta português Fernando Pessoa.
Saudação a Walt Withman, poema do heterónimo de Fernando Pessoa,
Álvaro de Campos, é uma espécie de manifesto a Walt Whitman.
No poema de Álvaro de Campos, o poeta transmite a sensação de um nervosismo que beira a histeria e afirma ter dúvidas quanto à utilidade da própria existência.
Diz explicitamente que lamenta não ter tido a "calma superior" do poeta americano.
O verso livre e o recurso poético chamado "paralelismo" está neste poema.
Pode-se dizer que o princípio do paralelismo domina a estrutura da poesia.
Na Saudação a Walt Whitman, três versos dão conta da natureza futurista de que era feito Álvaro de Campos.
Ele classifica assim o poeta americano:
"(...)Jean-Jacques Rousseau do mundo que havia de produzir máquina,
Shakespeare da sensação que começa a andar a vapor,
Milton-Shelley do horizonte da Eletricidade futura(...)".
O futurismo de Álvaro de Campos não é do tipo que empresta às banalidades da vida moderna o estatuto de poesia ou que tenta consolidar novos cânones em detrimento de outros fundadores do pensamento que lhe é contemporâneo.
Álvaro de Campos extrai do moderno o perene, actualiza a ideia e o conceito na matéria viva, revela o eterno no aparentemente transitório.
O poeta americano e seu pansexualismo — “sexualizado pelas pedras, pelas árvores, pelas pessoas, pelas profissões” — uma revelação feliz e bem resolvida de uma certa palpitação erótica — insatisfeita, sofrida, impotente — que se percebe em todos os poemas de Álvaro de Campos.
No seu caso, no entanto, o desejo, sem definição de género, como o de Whitman, parece jamais ter encontrado um lugar, um objecto em que se fixar, um corpo em que se exercer.
"Food for thought"... Dá mesmo em que pensar! Até breve. Tágide