Walt Whitman (1819 - 1892)

Walt Whitman (1819 - 1892)
(...) What do you see, Walt Whitman? Who are they you salute, and that one after another salute you? (...)

16 de maio de 2010

Os livros e o pó do tempo


"(...)Há sobretudo esse tempo que é transportado fisicamente pelos livros.
Esse pó que fica nos livros. O pó do tempo. Nos novos instrumentos não haverá esse pó. É só o que lhes falta. Esse pó quer dizer o tempo, a própria essência da vida.(...)"  Eduardo Lourenço.

Estive uns dias sem escrever e este é o mote do meu post de hoje!
No outro dia lembrei-me de falar aqui do prazer de entrar numa livraria, sem pressa, e escolher um livro.
Admito que compro livros online, sobretudo na Amazon mas porque são, ou livros que não consigo encontrar em Livrarias cá em Portugal, ou porque são realmente muito mais baratos através da Amazon.
Mas continuo a ser uma fã incondicional de ir à Livraria.
O cheiro, o prazer de tocar os livros dos folhear, de ler um pouco, de sentir o livro nas minhas mãos, é totalmente diferente e muito melhor do que encomendar um livro online.

São muitas as minhas memórias das livrarias de Lisboa!

Uma das mais marcantes é por exemplo a recém reaberta - Livraria Buchholz -
Onde se sentia a essência do tempo nos livros!
Confesso que nem sempre o atendimento era muito bom mas o ambiente era único e lá era quase sempre possível encontrar livros que não se encontravam em mais nenhuma livraria de Lisboa.
Lembro-me de apanhar o comboio ao Sábado só para ir á Buchholz!
Nos anos 80 talvez fosse a única Livraria onde se podia encontrar ou encomendar bons livros em Inglês.


Passo a transcrever uma reportagem que saiu num diário da nossa praça, e que se refere à abertura, ou seja, neste caso mais à reabertura de um livraria carismática da cidade de Lisboa.
Vou somente transcrever a publi-reportagem em questão:

«A Buchholz afinal tem sete vidas. Vai agora para a quarta.
Depois de uma liquidação total, em Dezembro, a livraria Buchholz está de volta e reabre hoje dia 8 de Abril 2010.

Os sofás confortáveis espalhados pela livraria Buchholz não são os mesmos onde se sentavam Sá Carneiro, José Cardoso Pires, Al Berto, Mário Soares, António Lobo Antunes ou Vasco Graça Moura.
São novos, assim como a nova vida da livraria lisboeta, na Rua Duque de Palmela, nº4.
As empregadas também já não têm uma herança genética estrangeira.
A conhecida Katharina Braun, considerada por alguns como “antipatiquíssima” ou “a nazi da Buchholz”, filha de livreiros que Karl Buchholz trouxe para Lisboa, há muito que se reformou e só vai continuar na memória da comunidade de fãs fiéis. José da Ponte, Director da Rede Livreira da Coimbra Editora, explica que não há nenhuma relação com a família originária que chegou a Portugal em 1943.



A quarta vida da Buchholz, de 65 anos, começa hoje às 18 horas, com o concerto da cantora Maria Viana, com Júlio Resende no piano, e com descontos de 10% em todos os livros.
Quarta, porque começou em 1943 na Avenida da Liberdade, em 1965 passou para Rua Duque de Palmela e em 2008 ganhou uma irmã gémea no Chiado.

Agora reabre filha única – depois de ter sido declarada insolvente por sentença judicial a 22 de Janeiro de 2009 e ter fechado portas a 23 de Abril – por iniciativa da Coimbra Editora Livrarias (CE Livrarias) e do grupo editorial Leya, empresas que firmaram recentemente uma parceria de negócio.
“A Buchholz é um marco na cultura lisboeta pelo que obviamente interessava à CE Livrarias adquiri-la para dar continuidade à vida deste espaço que foi uma referência durante 65 anos”, explica por e-mail José da Ponte.







Os responsáveis garantem que a aposta na oferta de livros estrangeiros vai manter-se e que a Buchholz vai continuar a ser um motor cultural.
A julgar pela lista de eventos vai ser fácil cumprir a promessa. Com uma média de mais de três lançamentos e debates por semana, Buchholz quer recuperar o lugar que ocupou durante décadas na capital.
Manuel Alegre, Inês Pedrosa e Teresa Ricou são alguns dos nomes que vão estar na livraria nos próximos dias.

Herança:
A livraria de Karl Buchholz manteve o nome de família.
O alemã o que nasceu em Götingen, na Alemanha, em 1901, foi um dos pais da globalização das livrarias.
Aos 24 anos, com pouco dinheiro e muita determinação, abriu uma pequena livraria em Berlim, que seria a primeira de 12 espalhadas pela Europa e Américas.
Em 1940, Buchholz dá o primeiro passo para a globalização com uma loja em Bucareste.
Mas em 1943, quando Berlim está sob bombardeamento da II Guerra Mundial, Buchholz percebe que tem de fugir.
Escolhe Portugal e com a ajuda do amigo Lehrfeld, que já vivia em Lisboa, inaugura a Livraria Buchholz na Avenida da Liberdade.

Num país cinzento como Portugal, foi uma novidade. Nos tempos em que Amazon nem era sonhada, ali se encontravam os melhores livros estrangeiros. Mas a estada deste alemão em Lisboa foi curta.
Nos anos 50 muda-se para a Colômbia, onde abre outra livraria.
Sempre com a mesma imagem de marca, ao estilo das livrarias alemãs.
Recantos com sofás, que convidam à leitura, madeira nas escadas, chão e nas estantes para tornar o espaço acolhedor e agradável. O desenho ainda é o mesmo que podemos ver hoje.
Agora é esperar para ver como esta nova casa se comporta em Lisboa.»

In: http://www.ionline.pt/conteudo/54393-a-buchholz-afinal-tem-sete-vidas-vai-agora-quarta, a 08 de Abril de 2010, em Jornal I

Voltem à Buchholz e boas leituras! Até breve Tágide.
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